O chumbo nosso de cada dia
Para os jornalistas mais novos, os anos 1960 estão a anos-luz de distância, para minha geração parece que foi ontem. Quando comecei a trabalhar, os jornais eram impressos “A quente”. Gigantescas máquinas de escrever chamadas de linotipos (o corretor Samsung é tão burro que mudou para logotipos…) em bater nas letras do teclado formava palavras com chumbo derretido.
Lingotes deste metal eram “cozinhados” em recipiente então. Imagina uma dúzia deles em um espaço pequeno em dia quente, de verão. Os linopitistas cozinhavam juntos.
O chumbo e um metal pesado, tem porta só de entrada no corpo humano. Como o ponto de fusão é relativamente baixo, seus vapores inalados causavam um doença neurológica atroz chamada saturnismo, sem cura.
O único antídoto parcial era leite. Mesmo longe das oficinas, eu bebia tanto leite que me tornei leitolólatra.