Meus cantinhos
Trabalho de casa desde o início da pandemia. Mas nunca abri mão de tirar duas horas para conversar com meus fantasmas. Eles exigem respeito, detestam barulheira e, acredito, gostam do aroma de um bom café. Por isso seleciono bem as minhas cafeterias, e até hoje nenhum fantasma reclamou. Esta fica na Ramiro Barcelos, 1211, pertinho da Independência.
O nome é meio estranho para os seres do além que me acompanham desde a minha pequena São Vendelino. Chama-se Brownie by Du. Duas simpáticas (e bonitas) atendem, imagino que uma delas seja a Du. Um dos meus fantasmas perguntou o que ela tinha de diferente para eu gostar tanto dela.
Paz, eu murmurei. E paz quer dizer ambiente acolhedor com verde à vista. Basta olhar para ver que as garotas são caprichosas. O sanduíche Farroupilha é bem feito e oferecem aqueles sucos natureba. Também gostamos, disse um deles na língua que só nós conhecemos.
Ora, direis, ouvir fantasmas. Isso não é maluquice? Respondo-vos que ouvir e falar com seres só visíveis para mim é mais maluco do que este nosso país, onde se acorda e se dorme ouvindo, vendo e lendo coisas de louco caminhando um passo à frente e dois para trás.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
