Eu e minha amante
É bem verdade que, naqueles verdes anos, eu era pelado como bola de bilhar. E ela tinha dinheiro. Gastava em mansões, carros importados, vivia em festas suntuosas, usava perfumes caríssimos e fazia rancho no Armazem Riograndense, onde até uma azeitona ou figo turco eram inacessíveis para mim. Enquanto isso, eu comia PF em pé-sujo em pensão da rua Riachuelo, tapando os olhos com uma mão para não ver os bichinhos no arroz. Ela me consolava, tudo era proteína, afinal de contas. Sem bronca, éramos jovens, então.
Bonita, ela. Com o tempo passou a ter olheiras, a pele ficou flácida, não tinha mais o viço de uma rosa ainda não colhida. Na época ela ainda não tinha a pretensão de ter o pôr-do-sol mais bonito do mundo. E, pior, começou a andar com más companhias, gangues e facções. E deu para se drogar. Bem, é a vida.
A ira que voa
Aprendi que são duas dores de cabeça dos russos na Ucrânia. Um é o artefato que alguns chamam de drones Switchblade 300. E o outro o turco Bayraktat (sim, a Turquia fabrica esses monstrinhos). Ambos são leves e fáceis de carregar. O turco pesa apenas 2,7 quilos e pode ser levado na mochila de um soldado ucraniano.
O Switchblade 300 também é levinho e tem um irmão maior, o 600, que pesa 23 quilos, o que não é nenhuma tragédia para soldados capazes de carregar 30 ou mais quilos nas costas. É bem mais mortífero. Também fiquei sabendo que o primeiro aviãozinho sem piloto, um simulacro de drone, foi o Kettering, inventado em 1918, ora vejam só. Mas era impreciso e incontrolável, porque emissão-recepção de sinais de rádio para comandá-lo eram precários.
Um dos irmãos do presidente John Kennedy, Joseph, foi cobaia de um drone meio-humano. Em 1944, ele e outro piloto testaram um bombardeio bimotor B-24 carregado de explosivos. A ideia era simples: quando chegavam perto do alvo, os pilotos saltavam de paraquedas, as asas se desprendiam e o B-24 caía reto como uma vela no alvo.
Só que o bicho fez BUM antes do salto e os dois morreram.
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