Panem et circenses

11 jul • NotasNenhum comentário em Panem et circenses

Pão e circo eram palavra de ordem na Roma dos césares. Estômago cheio e cinco com direito a inimigos jogados aos leões ou trespassados pelas espadas dos gladiadores, que espalhavam sangue disparava a alegria da turba que lotava o Coliseu. Eventualmente a plebe ignara podia votar com os polegares, para cima era a vida, para baixo, a morte.

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O Coliseu hoje é a TV e programas onde os telespectadores definem quem vai morrer ou viver, como no BBB Brasil. O pão deu lugar a fast food, e temos uma novidade, os comerciais que te prometem paz, felicidade e a vida eterna se tomares todos os suplementos vitamínecos que são comprados pelo 0800 de laboratórios que nunca se ouviu falar.

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Testemunhais de gente comum reforçam o recado dos apresentadores dos programas, que fazem cito às promessas das garotas-proagandas dos laboratórios, sem que se saiba se a Anvisa os aprovou.

E o povão embarca. E embarca com gosto.

Vende-se Deus

Além dos remédios terrenos, há os remédios celestiais. Cada religião vende o seu Deus particular em programas alugados das redes grandes e pequenas de televisão.

Entre uma promessa e outra, as respectivas religiões – inclusive a Católica – dão recados do tipo “olha, a santa e Deus precisam do teu dinheiro”. Geralmente dados por partes ou pastores de olhares beatíficos. Confesso que isso me choca quando vejo essa  pantomina TV Aparecida.

Cresci vendo padres passando um prato pedindo que os fiéis nele colocassem o que se chama se óbolo. Nas outras, é dízimo.

Dê algum golpe ou morra pobre

O Deus dinheiro nunca foi tão forte. Olhemos o que acontece com homens públicos que até ontem eram mais limpos que carro recém-lavado, e hoje chutaram o pau da barraca para botar a mão no dinheiro público.

Tempos ferozes

O que quero dizer é que, no tempo dos césares, pelo menos não se vendia o céu e ninguém botava a mão no dinheiro dos césares. Ferocidade por ferocidade, a de hoje ganha dos gladiadores romanos.

Os bois que voam

Olha que eu já vi passarinho pastando e boi voando, mas nunca vi um assunto quente ser solenemente ignorado por grandes redes de TV e jornais de circulação nacionais como são os depoimentos do delator premiado Marcos Valério sobre as ligações do contador do PCC. E nunca vi tanto desinteresse da mídia em saber como Lulinha conseguiu ter três empresas cujo contador é ou foi o mesmo que cuidava da contabilidade do PCC.

Não que eu esteja  fazendo alguma ilação. O que me espanta é a falta de curiosidade da grande mídia sobre estes assuntos em tela. Curiosidade que é o motor do jornalismo. Ou  era. 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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