Celso e o doutor
Quando se tem algum amigo ou parente no hospital, é fácil saber qual a possibilidade desta pessoa conhecer as Eternas Pradarias no curto prazo. Antigamente, alguns médicos até ocultavam a gravidade da doença. Ou a exageravam até, para reforçar sua condição de milagreiro.
Mas o paciente saber do seu real estado ainda é problemático. E aí que entra o Celso:
– Bom dia, é da recepção? Eu gostaria de falar com alguém que me informasse sobre um paciente.
– Qual o nome do paciente?
– Chama-se Celso, Celso da Silva, está no quarto 302.
– Um momentinho, vou transferir a ligação para o setor de enfermagem.
Passado o momentinho, ouve-se uma voz.
– Bom dia, sou a enfermeira Karina. O que o senhor deseja?
– Gostaria de saber as condições clínicas do paciente Celso do quarto 302, por favor!
– Um minuto, vou localizar o médico de plantão.
Passa-se o minuto e lá vai pedrada.
– Aqui é o doutor Carlos, plantonista. Em que posso ajudar?
– Olá, doutor. Precisaria que alguém me informasse sobre a saúde do Celso, que está internado há três semanas no quarto 302.
– Ok, meu senhor, vou consultar o prontuário do paciente… um instante… hummm… aqui está. Ele se alimentou bem hoje, a pressão arterial e pulso estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e vai ser retirado do monitor cardíaco até amanhã. Continuando assim, ele poderá ter alta em três dias.
O bom doutor ouve uma explosão de alegria no telefone.
– Ahhhh!!! Que maravilha, graças a Deus! São notícias maravilhosas! Que alegria! Não acreditooo!!!
– Pelo seu entusiasmo, o senhor deve ser alguém muito próximo do paciente.
– Não, doutor. Sou o próprio Celso telefonando aqui do 302! É que todo mundo entra e sai deste deste quarto e ninguém me diz nada. Eu só queria saber como estou…