A Estrada Velha

25 set • A Vida como ela foi2 comentários em A Estrada Velha

No dia 26 de setembro de 1973 foi inaugurada a Free Way Porto Alegre-Osório, uma maravilha de rodovia. No início, a velocidade máxima permitida era de 120 Km/h, bem mais para os 110 Km/h em alguns trechos.

A primeira vítima foi o advogado Nelson Regis Stronge, que trocava um pneu na altura da Lagoa quando foi atingido por outro carro. A praticidade levou veranistas a abandonar a chamada Estrada Velha, paralela à autoestrada em alguns trechos. Alguns ainda a preferem, para lembrar os velhos tempos e os encantos paralelos.

Reprodução de internet /Arq,Pessoal de Sérgio

Depois do posto de controle de Gravataí, com cartões limitando o tempo do percurso para evitar abuso de velocidade, conferidos pelo posto de Osório, podemos dizer que esta, sim, é uma rota romântica. Glorinha era um ponto de parada para comprar pães fresquinhos feitos com farinha de primeira qualidade.

A criançada que ia nos carros da família e vibrava com a sinuosidade da estrada, ainda que com um asfalto sem acostamento. Porto Alegre tinha em torno de 40 mil carros na época, então nem sombra dos pepinos móveis de hoje.

Na parte alta da rodovia se enxergava-se a Free Way em construção, ponto de parada para comprar rapadura e cachaça “azulzinha”, daquelas que matou o guarda, parentes e vizinhos, destilada em alambiques clandestinos da região. O serpentear da estrada dava lugar às curvas da Lagoa, outra maravilha para pais & filhos.

Viajar de noite com Lua cheia era uma cena inesquecível. Muitos motoristas apagavam os faróis para turbinar o banho de prata que vinha da luz do Sol refletida no nosso satélite e remetida para a Terra.

Depois vinham os sonhos de Santo Antônio da Patrulha, a reta final de Osório a Tramandaí, o cheiro da maresia, a visão das dunas permitida por uma cidade sem prédios altos, cheia de chalés de madeira. Por volta de 1967, em um domingo de verão com praia cheia, Nelson Stronge e um amigo entraram mar adentro para salgar espetos de carne para churrasco no meio das dunas. Mas essa já é outra história.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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2 Responses to A Estrada Velha

  1. Antonio Carlos de Araujo Vianna Antunes disse:

    A respeito da estrada velha.
    O Foto Flash, propriedade de meu pai Aimoré Antunes, patrocinava os “cartões-ponto” que os policiais carimbavam para determinar o horário de chegada ao próximo posto. Interessante que os que corriam em velocidade mais alta do que o permitido, estacionavam à margem da estrada aguardando o horário determinado no cartão.

  2. Antonio Carlos de Araujo Vianna Antunes disse:

    CORREÇÃO:
    “….em velocidade mais alta do que A PERMITIDA,….”

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