Cardiopatia congênita: a importância da parceria público-privada no acesso à assistência especializada

1 jul • ArtigosNenhum comentário em Cardiopatia congênita: a importância da parceria público-privada no acesso à assistência especializada

*Por Ieda Jatene 

A cardiopatia congênita não é um problema novo e muito menos incomum. No Brasil, pelo menos 30 mil crianças nascem com a patologia todos os anos. Em situações mais graves, a enfermidade é responsável por 30% dos óbitos de bebês com até 28 dias de vida. Os dados mostram o quanto ter uma jornada completa de cuidados do feto à vida adulta, desde o diagnóstico até a reabilitação, é fundamental para o desenvolvimento do paciente, com a possibilidade de se reverter a doença em até 80% dos casos.

No entanto, por ser uma enfermidade de alta complexidade, é preciso contar com um centro especializado, capaz de oferecer os cuidados de ponta. No Hcor, hospital referência em cardiologia no País, há uma área exclusiva para cardiopatias congênitas, com uma estrutura física, clínica e tecnológica especializada. No espaço, é possível fazer diagnósticos, consultas, exames, internações, cirurgias (incluindo a de transplante do coração) e reabilitação física e cognitiva.

Como existem poucos locais como esse no País, o trabalho conjunto de instituições públicas e privadas se torna uma alternativa para salvar a vida de milhões de brasileiros. Entre as iniciativas disponíveis, está o projeto do Ministério da Saúde, conduzido pelo Hcor dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), via regulação nacional. A iniciativa oferece assistência completa a gestantes e crianças, de todo território nacional, que são encaminhadas pelo Ministério da Saúde. 

Por meio desta parceria, de 1º de janeiro de 2021 a 11 de maio de 2022, foram atendidos 48 pacientes e realizadas 131 consultas e 85 cirurgias, além de 140 exames. A maioria das pessoas beneficiadas (85%) reside no Norte e Nordeste do País, regiões em que há maior carência de assistência especializada — os chamados “vazios assistenciais”, infelizmente ainda muito comuns no Brasil. 

Por ser um hospital filantrópico, o Hcor investe, ainda, em outras ações de responsabilidade social para auxiliar pacientes com cardiopatias congênitas que não têm acesso à saúde suplementar, como o programa de gratuidade, que permitiu a realização de 663 consultas e 291 exames também entre 1º de janeiro de 2021 a 11 de maio de 2022.

Esta união entre instituições públicas e privadas é essencial para diminuir a fila de espera pelo tratamento especializado e reduzir os índices de mortalidade infantil decorrentes de malformações cardíacas. Existem cardiopatias congênitas que, ao serem tratadas na infância, permitem o desenvolvimento muito próximo à normalidade na idade adulta, contribuindo com a qualidade de vida da pessoa e a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo.

*Cardiologista líder do serviço de Cardiologia Pediátrica e
Cardiopatias Congênitas do Hcor

ATENÇÃO: As opiniões publicadas em artigos não necessariamente são as do editor deste blog.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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