A dominação verde

29 set • NotasNenhum comentário em A dominação verde

Você coloca no liquidificador pedaços de mamão, laranja, maçã, abacaxi, banana, moranguinho, tudo fruta vermelha ou branca. Então bota meio abacate e esverdeia tudo.

É a força do verde. Assim como uma mistura de aplicativos de computador resultam em confusão. Quantos aplicativos ainda podem  ser criados sem que você precise de um guia tipo dicionário para saber quais são, quantos existem e então colocá-los como favoritos? 

No meu humilde celular existem tantos que chega uma hora que quero limpar para ganhar – ou não perder mais – memória. Então vem a parte 2 do drama. Quais podem ser eliminados sem prejuízo do seu serviço?

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Fui a um técnico de aliviar peso virtual e fiquei desapontado. Ele mostrava um e perguntava se eu o usava. No fim das contas, a maioria PODIA ser utilizado eventualmente e outros NÃO podiam ser eliminados.

Perguntei o motivo e o nerd falou que era assim e que o sistema operacional os queria na sua máquina. E estamos conversados. É o abacate dessa salada de frutas. 

Cadê o livre arbítrio? Respondo que ele não existe desde que surgiram os algoritmos. E, agora, a tal Inteligência Artificial, esse monstro que domina sua vida e até diz o que pode ou não pode pensar.

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Não contente em esverdear a batida, ou vitamina, agora surge um algoritmo que não só pesca palavras e as devolve acrescidas de propaganda comercial (ou ideológica) como também ouve sua fala e define a expressão facial. Finalmente temos o Grande Irmão do escritor Georges Orwell em sua versão policial/investigativa perfeita.

Pelo que li, até odores capta, tipo a que exala de comidas. Ele “cheira” feijão na panela e manda – isso mesmo, manda você ou a cozinheira/o a botar outros ingredientes. Compre rabinho de porco da marca tal, orienta o implacável destruidor da vida natural.

Tudo foi aperfeiçoado pela IA sem que a gente tenha sido consultado. Acredito que o passo seguinte seja um algoritmo que apague a chama do fogão se você não botar o tal rabinho de porco na panela.

Como naqueles filmes de ETs que invadem a Terra, pode apagar as luzes, cortar a energia e deixar tudo em um caos inescapável. Sem falar que pode zerar seu saldo em conta corrente e criar dívidas por compras que você nunca fez. Esta é a versão do roubo, mas também pode ser coisa de terrorista.

Já existem, em vários países, grupos de pessoas que se reúnem em comunidades longe de torres de celulares porque eles não os têm e nem querem ter, sem TV, enfim, sem qualquer engenhoca eletrônica, nem jornal nem rádio. Vida simples na roça.

Mas eis que chega um grande porém: eles contaminaram as pessoas de tal forma que não há como viver sem esses apetrechos. Mais cedo ou mais tarde bate a saudade ou necessidade de dar uma telefonadinha por satélite ou usar a calculadora do celular. Chega o momento de abstinência, como dependente químico precisa desesperadamente de uma dose da droga.

O controle da humanidade é de tal forma que até criança de tenra idade quer um computador ou smartphone. Nem meninas vão querer bonecas, a não ser que elas tenham inteligência artificial.

Aquela série de filmes Rebelião das Máquinas previu o futuro. Deixa de ser ficção para ser um alerta. O humanoide robô vivido por Arnold Schwarzenegger será o nosso futuro.

O país retroativo

Saindo do futuro provável para o presente móvel. Foi divulgada uma pesquisa DataFolha mostrando que os que aprovam o governo Lula somam 48% e os que desaprovam são 45%. Logo pensei que foi mais ou menos essa a margem do petista na eleição passada.

Mas, ao me aprofundar no trabalho, percebi que o Palácio do Planalto não tem motivos para comemorar. Em janeiro, a diferença era de 13 pontos porcentuais, uma queda considerável em nove meses.

O futuro a Deus pertence, como o antigo ministro do STF Sepúlveda Pertence, mas vem vendaval pela frente. Primeiro, a queda da atividade econômica – por uma série de motivos que vão desde o aumento do preço dos combustíveis até a brutal baixa de renda do brasileiro, que não é nova mas se acentua. 

Segundo, nenhum país é uma ilha. E as veias do Brasil são irrigadas em grande parte  pelo sangue do exterior.

Sem grandes problemas geológicos como terremotos, tsunamis, vulcões e politicamente estável provisoriamente, o Brasil seria o paraíso dos investidores internacionais, não fosse a insegurança jurídica. Cláusulas pétreas são derrubadas ao bel-prazer das altas cortes, a burocracia é asfixiante.

Somos uma ilha cheia de palmeiras onde cantava o sabiá em que os nativos jogam cocos nos que aqui chegam. Especialmente os com dinheiro, dominados que somos por um esquerdismo ultrapassado.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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