O mundo vive do rádio

15 maio • NotasNenhum comentário em O mundo vive do rádio

Alguém postou um texto que chama atenção pela clareza da revelação, uma epifania. “As maiores transmissões ao vivo do mundo não se encontram nas redes sociais! Por estarmos tão habituados com as redes sociais, que nos oferecem inúmeras formas de nos destacarmos, nosso pensamento imediatamente associa a ideia de “live” a plataformas como YouTube e Instagram. No entanto, esses não foram os pioneiros nesse conceito! O rádio, que iniciou suas transmissões em 1922, ainda é um fenômeno de sucesso. Tente me citar um único influenciador que consiga manter, ao vivo, mais de 30 mil pessoas conectadas e atentas por 6 horas todos os dias”.

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O recado das cavernas

O texto diz tudo, não carece de explicações maiores. Os nerds e os jovens costumam achar que o Big Bang das comunicações se deu com a aparição da internet e os dispositivos que a integram. 

Eta nóis, dizem, o que é no mínimo uma besteira. O que mudou na comunicação desde as pinturas rupestres de 10, 12 mil anos atrás até o celular-computador, que hoje criança tem, foram as plataformas. Comunicação é uma, o meio é outra.

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O mimeógrafo

Já falei que, na década de 1960, o movimento estudantil utilizava Face, Twitter e e-mail. As impressoras de hoje são bisnetas do mimeógrafo a álcool, uma espécie de e-mail para imprimir textos mais longos. Escrever textos pequenos repetidas vezes em papel por máquinas de escrever faziam o papel da copiadora, do Twitter.   

Eram chamados de “mosquitos”, uma feliz definição, o que se chama de SMS. Textos um pouco mais longos que os mosquitos remetiam ao Facebook de hoje.

Ah, você vai dizer, mas a distribuição era pessoa a pessoa e, hoje, a rede se encarrega disso. Nem tanto. Estes três recados eram jogados do alto dos edifícios e despertavam a curiosidade dos passantes e moradores. Como hoje, o boca a boca turbinava a publicação.

O sistema não caía, não tinha vírus e era totalmente anônimo e praticamente não tinha como achar o autor, porque sem ID.

Cinco estrelas no sertão

Ai venho com uma história vivida nos anos 1970 pelo meu falecido cunhado José Antônio Pires Freire. Como biólogo da Embrapa na Bahia, percorria os seringais – sim, a Bahia os tinha – para detectar pragas. Em certa ocasião, foi a uma cidade pequena no interior dos interiores.

Como passaria alguns dias na região, procurou o hotel, o único.  Ficou surpreso porque na portaria um cartaz indicava que havia TV a cores, frigobar e ar condicionado nos quartos – luxos na época. Quando chegou no aposento levou um susto.

O caso do hotel perfeito

A TV a cores era uma P&B com uma tela de plástico com as três cores básicas, verde, vermelho e verde fixada na tela. O ar condicionado era um ventilador de teto. E o frigobar, uma geladeira sem motor com barras de gelo para refrescar as bebidas. Desceu e foi direto reclamar para o dono. Levou um sermão.     

– Mas como, gaúcho? Não tem cor em sua televisão, tem muriçoca (mosquito) no quarto que o ar espantou  e a cerveja por acaso não está gelada?

Melhor ouvir isso do que ser surdo. Mas, sim, o baiano tinha lá sua razão.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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