Em busca do sapo perdido
A gente vai ganhando anos, perdendo a inocência e acumulando melancolias. No sábado à noite, perambulei por ruas transversais às principais avenidas de Tramandaí e me deu uma saudade enorme dos primeiros anos em que fui apresentado ao mar, suas conchas e seu sal. Quando passava por algumas casas mais antigas, algumas do meu tempo de adolescência, com ligeiras modificações, famílias reunidas no gramado em frente, ao lado de mimos de Vênus e de aroeiras mais vistosas que debutante em vestido de gala, bebendo cerveja ou chimarrão, ou apenas jogando conversa fora, dei-me conta de como o mundo que já foi o meu hoje mais parece um paciente da Pinel em surto.
Agucei meus ouvidos, mas não ouvi nenhum sapo coaxar. Vá lá, não chove há anos e mesmo se chovesse não há mais terrenos baldios que são o Nirvana desses batráquios. Em verdade vos digo que não há coisa mais bonita do que sapos coaxando no silêncio da madrugada e grilos dizendo estamos aí na varanda.
Acabou. Conseguimos até espantar os sapos. Quem é o feio aqui?