A madrugada do morto (Final)
O que aconteceu foi um acidente de trabalho. Ela tinha acertado um programa com um homem de meia idade. Então foram para um motel muquirana, na realidade um quarto desses que têm uma placa de “aluga-se”. Em pleno combate de Eros, o sujeito soltou um grito e morreu. Asi no más, sem aviso prévio, sem lenço, nem documento.
Apavorada, a garota começou a gritar. O resto vocês podem imaginar. Veio o dono do quarto, veio a Polícia, veio a suspeita de que ela tinha matado o cara e, enquanto o legista não determinou a causa mortis, ela estava detida.
Quanto entrei na sala onde ela estava, que se deu a súplica. Então falei com o inspetor encarregado e perguntei em que estágio estava o caso. Repórter sempre teve prestígio.
– O doutor está terminando o laudo. Mas parece que foi infarto mesmo, fulminante. Vou liberar a garota. E como sempre acontece nestes casos, o cabra morreu de garrão em pé.
Dei a boa notícia para a mina do Bironha. Eu não sabia, mas quando alguém morre em pleno ato sexual, o membro não entra em estado de repouso, fica como estava antes de morrer.
Vivendo e aprendendo. No caso do indigitado cidadão, morrendo e aprendendo.