Um mocotó longe demais (1 de 2)
Na minha galeria de tipos inesquecíveis, figura o ex-deputado, ex-secretário da Saúde do RS Lamaison Porto. Conhecia sua fama, porque, como titular da pasta da Saúde, liquidou com a praga dos mosquitos em Porto Alegre, mais para o final dos anos 1950. Criou o esquadrão Mata-Mosquito, agentes que iam de casa em casa botar BHC nos ralos, fugas d’água e poças quando em quintais. E era advogado, vejam só.
Nos anos 1980, quando eu fazia o Informe Especial na Zero Hora, Lamaison tinha um cargo qualquer na direção da empresa, gentileza de Maurício Sirotsky Sobrinho. Era um cara diferenciado, o Maurício. Um sujeito do bem. Foi ele quem me convidou para fazer o Informe e em 1975. Também foi ele, Maurício, quem me levou a produzir o primeiro programa agropecuário da TV brasileira, o Campo e Lavoura, na então TV Gaúcha. O Maurício ajudou e empregou amigos de juventude em Passo Fundo quando a RBS já era uma potência. Um deles era o Lamaison.
Certa feita, perguntei o que ele exatamente fazia na casa.
– Sabe que não sei direito?
Semanas depois, estava eu dedilhando as pretinhas na redação fora do horário normal. Redação vazia, o Lamaison (pronunciava-se Laméson) assomou à porta da redação.
– Guri, estou com uma vontade maluca de comer um bom mocotó. Vamos nessa?
Fui.