Atingido pela enchente
O Restaurante Dona Maria, que também era bar, pegou fogo no início dos anos 1970. Queimou os quadros que o proprietário Ernesto Moser tão laboriosamente pintou durante anos, matou um funcionário que estava no lugar errado na hora errada, deixou órfãos os habitués da famosa Mesa Um e desnorteou os fregueses assíduos. Meses depois, voltou ao normal.
O que mudou foi que, em dias de chuva forte, a água que as bocas-de-lobo da Rua da Praia não davam conta penetravam no Dona Maria, então por cerca de 20 minutos a meia hora todo o salão ficava com 3 centímetros de água. Seu Ernesto e os clientes da Mesa Um não se abalavam. A casa fornecia engradados de cerveja vazios para que eles pudessem colocar os pés para continuar bebendo apesar da inundação.
Certa noite, a enxurrada veio mais forte. A clientela Saiu às pressas para a rua. Afinal, melhor água em cima que água no sapato. Um médico nordestino que sentava com duas amigas na entrada do estabelecimento ficou. Passou-se um bom tempo até que se ouviu chap-chap-chap de alguém caminhando em área alagada. O bom doutor parou na frente da mesa do dono, botou as mãos na cintura e o encarou.
– Então, seu Ernesto, em vez de pegar fogo agora a casa vai a pique?