Publicado por: Fernando Albrecht • 27 maio • Publicado em: Caso do Dia, Notas •
Vamos deixar o politicamente correto, esse abrigo de hipocrisia e falsas convicções, e vamos falar de gatunagem. Vou inverter a ordem do progresso: como vocês queriam que os homens públicos não metessem a mão, se a camada de baixo furta até sabão líquido, obrigando a turma da limpeza a colocar cadeado para evitar o prejuízo?
AS LEIS, ORA AS LEIS…
Pela última contagem, o Brasil tem entre 300 e 400 mil leis, portarias, resoluções e outros diplomas legais. Já o Rio Grande do Sul tem mais precisão, temos em torno de 10,8 leis ordinárias aprovadas pela Assembleia Legislativa. Boa parte está defasada, equivocada ou é apenas inútil, quando não de difícil fiscalização. Um grupo de 20 parlamentares gaúchos liderados deputado estadual Giuseppe Riesgo (Novo) se propõem a enxugar o estoque.
LÁ VEM A PEDRA DE NOVO
Olhem, já acompanhei seis ou sete tentativas de parlamentares para secar essas inutilidades, mas, no fim, a burocracia e as leis criadas todo santo dia tornam a tarefa um trabalho de Sisifo, aquele grego dos antigamentes que foi condenado a rolar uma pesada pedra até o alto de montanha para vê-la rolar de volta antes do trabalho findar.
A SUPERLEI
Não adianta. Passou o desinfetante para logo em seguida a imagem microscópica mostra germens se multiplicando em espantosa velocidade, duas, quatro, oito, 15, 32, 64, 128 até chegar a milhões em minutos se tanto. Passou desinfetante, mas em seguida a colônia se multiplica. Assim caminha o Brasil. Leis são mais resistentes a antibióticos de enxugamento que as superbactérias.
ENTREMENTES…
Como é grande o número de pessoas “normais” que gostam de assistir vídeos de pegadinhas em que as pessoas se machucam de verdade – vide o programa do Faustão – ou morrem em acidentes de avião em circunstâncias terríveis, de extremo sofrimento. Por que elas fazem isso? Por sadismo?
EU FORA
Acho que foi o filósofo luso-brasileiro Fabiano de Abreu que deu uma explicação interessante. Gostamos de assistir essas tragédias horripilantes só para nos confortar, como a dizer “ainda bem que eu não estava nesse avião”. No popular, no dos outros é refresco. No caso das pegadinhas, pode ser catarse ou, pelo menos em parte, é estágio probatório para sádicos. Melhor ainda, trainees.
O FEIO QUE É BONITO
Gosto do jornalista, escritor e mais um monte de coisas Fabrício Carpinejar. Nasceu feio, viveu feio mas soube como ninguém transformar limão em limonada. Imagino o que ele sofreu quando criança, coisa que ele aborda hoje sem sofrer de novo embora não o faça gargalhar, óbvio. Mas passou. Como sabido é, as lembranças de tempos felizes não nos tornam felizes ao revivê-los, mas lembranças de fatos tristes e momentos ruins têm a capacidade de se transportar no tempo. Alguma coisa saiu errado no laboratório da sofrida mente humana.
EM DEFESA DA MONOGAMIA
Digo tudo isso dele porque o prolífico escritor e mais um monte de coisas boas lança seu novo livro “Minha esposa tem a senha do meu celular” (Ed. Bertrand Brasil). Em suma, é um manifesto em favor da relação fechada, dedicando-se a mostrar as maravilhas da lealdade e da intimidade. “Você e seu avatar continuam sendo o mesmo sujeito com a aliança no dedo”, defende.
Está aí um cara que rema contra a corrente e, por ser careta, na realidade é um revolucionário das relações conjugais. Eu não falei que o cara é bom?
FUNDO DE GARRAFA
Como assinante da Zero Hora tenho o direito de perguntar por que cargas d’água o jornal insiste em colocar na versão virtual os nomes de protagonistas da matéria em cor amarelo desmaiado? É para não identificar os caras, é isso? E na coluna social fazem o mesmo nas fotos-legenda, letras vermelhas em fundo idem. E como o registro não é lá essas coisas, é a mesma coisa que um leitor usar óculos fundo de garrafa que ele não necessita. No fundo, é a ditadura da moldura em detrimento do conteúdo.
DIREITO DE FAMÍLIA
Nesta terça-feira, o advogado Jamil Bannura irá proferir palestra no Grupo de Estudos de Direito de Família do IARGS, a partir das 12h, sobre o tema “Sucessão na comunhão parcial de bens”. Entrada aberta ao público.
Publicado por: Fernando Albrecht • 1 comentário em Furto líquido