A raposa e o diabo
O político mineiro José Maria Alkmin, sem o “c” do paulista, foi uma das matreiras raposas políticas dos anos 1950 e 1960. Não perdia vaza para dar algum chiste ou tirada de acordo com o momento. Foi ministro do governo Juscelino Kubitscheck e vice-presidente do general Castello Branco. Credita-se a ele a famosa frase que, na política o que vale não é o fato e, sim, a versão. Verdade verdadeira.
Como todo político de ponta, o doutor Zé Maria tinha a cercá-lo algumas lendas com fundo de verdade. Uma delas foi quando esteve à beira da morte. Chamaram um padre para lhe dar a extrema unção. Deitado na cama, ouvia o sacerdote cumprir o rito com o crucifixo perto do seu rosto.
– Viva Jesus Cristo!
– Viva – exclamou Alkmin com voz fraca.
– Viva Nossa Senhora!
– Viva!
-Vade retro, Satanás!
Silêncio.
– Vade retro, Satanás! – insistiu o padre.
Silêncio. Na terceira vez, Alkmin abriu um olho e focou o padre.
– Mas ele nunca me fez nada…
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