Xispa, o terror dos para-brisas
Os ativistas e sindicalistas que estavam nas galerias da Câmara dos Deputados cometeram strip-tease, tirando as roupas e botando a bunda em direção às suas excelências. Aqui e acolá ouvi gente dizendo que ficar pelado não era novidade, mas botar a bunda na janela era algo relativamente revolucionário.
Besteira.
Nos anos 1960, essa bundeada era conhecida em Porto Alegre como “xispa”, e só não sei se era termo importado de São Paulo ou de outro estado. Mas muito mais audacioso. O cara sentado ao lado do motorista de um carro, geralmente fusca, tirava as calças e colava a bunda no para-brisa.
Imaginem a cena: pessoas caminhando na calçada e, de repente, passa um traseiro como se passageiro fosse. O cérebro leva algum tempo até processar a informação, de maneira que, passada a estupefação e a entrada da indignação, os moleques já estavam longe.
Exigia coragem, porque a Polícia era acionada em seguida, por isso a audácia geralmente acontecia à noite. Mas houve casos no bairro Ipanema em dias de verão. Quem fizesse isso era chamado de playboy, filhinho de papai, degenerado sexual e por aí afora.
Era o máximo da depravação, punível com entrada grátis no Sétimo Círculo do Inferno de Dante.