Vida dupla

12 maio • NotasNenhum comentário em Vida dupla

Existem duas vidas em análise pela imprensa. Uma delas é o acompanhamento do dia a dia do andar do vírus, com primeiro plano para novos casos e mortes, acompanhados de advertências de que ele vai voltar com força se não fechar tudo de novo. Se sobrar espaço, a cobertura tenta acompanhar a vida real. Exceção dos colunistas setorizados, não sabemos quase nada do que se passa fora de Porto Alegre. Sobra notícia, falta repórter.

Uma frase criada pelo jornalista Elmar Bones da Costa sobre os vícios dos jornais dos anos 1970 tem sido minha companheira durante décadas: tudo sobre a China, nada sobre a esquina. Pois bem, hoje, temos pouco da China e nada sobre a esquina.

A segunda vida

Que os impressos cobrem e a CPI, acompanhada de ataques ao presidente Bolsonaro. É normal um jornal ter sua posição crítica quanto aos governos, mas é anormal que se lhe credite todos os males do passado, presente e futuro. Até o passado é incerto neste país.

https://www.banrisul.com.br/bob/link/bobw02hn_conteudo_lista2.aspx?secao_id=443&utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=margem_consignado&utm_content=centro_600x90px

A sangria e o enchimento

Os senadores que integram a CPI cumprem seu papel de praticantes de tiro ao alvo. Nada mais interessa, só sangrar o homem. Nem fazem questão de afastá-lo. Então fica uma pergunta que não é considerada pelos cabeças das publicações, um simples questionamento. Quanto tempo os leitores suportam ler sobre o mesmo assunto sem encher o saco?

O que se passa?

Afora uma que outra matéria de fôlego nos jornalões, há um buraco enorme de uma série de assuntos. Um deles é a aviação comercial. Em regra só há lugar para informar quebradeira e aterrissagem forçadas, mas olhando com mais cuidado vê-se um céu mais azul. Até empresas aéreas novas vão aparecendo, enquanto executivos dizem que o pior já passou.

Então qual é a real? Não sabemos, uai. A falha não é nossa.

Vida no interior

Como as editorias do Interior foram desativadas ao longo do tempo, para reduzir custos, não sabemos o que se passa. A televisão tem um mínimo de espaço para se dedicar a ele, exceção das tragédias. Essa sempre foi a grande queixa dos prefeitos e lideranças locais. Só vêm quando acontece um desastre. Ou quando o município contrata conteúdo editorial para festas e eventos.

Regime forçado

As porções nos restaurantes a la carte estão emagrecidas, o quilo que já era de 900 gramas, agora, pesa ainda menos. Embalagens protetoras estão dando lugar para papel comum, a qualidade dos supermercados  está nivelada, exceção de uma ou outra loja localizada em bairro de alto poder aquisitivo.

A fuga das galinhas

O peso informado em muitas embalagens contendo carnes diversas fez regime. O conteúdo emagreceu, caso do frango. Agora aquele desenho animado faz sentido.

Pastel do francês

Ontem comi um pastel do meio. A carne só foi encontrada do meio para baixo. Como dizia o escritor Saint Èxupery, o essencial é invisível aos olhos.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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