14 out • A Vida como ela foi • Nenhum comentário em Um dia de achismo
Um profissional liberal me abordou na academia. Sabendo que sou jornalista, perguntou o que eu acho dos debates. Durante os exercícios, eu desligo a chave geral, não quero achar nada, então dou uma resposta vaga. Ele insiste. Subo na esteira e coloco-a para funcionar. Eu acho todo santo dia, de manhã, de tarde e de noite na rádio, jornal, site e Face. Estou achando demais, então me dá duas horas de folga. Pode ser, distinção?
– Eu acho que deveria ter outro debate depois das eleições.
Pelo menos não precisei eu achar. Aumento a velocidade da esteira.
– Acho que deveria reunir o vencedor da eleição e os candidatos derrotados. Para cobrar.
Tive que achar.
– Mas cobrar o que, vivente?
– As promessas de campanha, ora.
Achei de novo. Arre, profissão filha da mãe!
– Mas o cara nem assumiu ainda! Nem mesmo formou a sua equipe! Como é que vão cobrar uma coisa que ainda não aconteceu?
Por um breve momento ele não achou nada. Em seguida achou.
– Bom, poderiam cobrar como ele vai fazer.
– Bicho, isso não tem nenhuma lógica.
– Tu acha?
Profissional liberal com esse papo de anta. Sábado de manhã. Na academia. Seja jornalista, Fernando, eles disseram lá atrás, você vai conhecer um mundo de pessoas interessantes.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
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