Tudo dominado 

17 maio • NotasNenhum comentário em Tudo dominado 

Seja pelo cartão ou por outros meios eletrônicos, elas sabem tudo sobre você. Conhecem seus alimentos preferidos, o gasto em roupas, seu imóvel, onde passa as férias, quais doenças você têm, o resultado dos exames de laboratório, qual gênero de filme, em qual supermercado ou loja faz compras, parentes, filhos e onde estudam, tudo e qualquer assunto atinente à sua vida e a forma de conduzi-la. Inclui dívidas, saldos e aplicações bancárias.

Sua vida na tela

Eles sabem com quem e qual assunto tratam emails, Whatsapp enviados e recebidos, e através dele até seu estado de espírito. Em resumo, sabem mais que você sobre você. Na superfície aparece apenas algum assunto que escreveu no celular ou computador. Pelo celular conhecem todos os amigos, familiares e conhecidos e até neles podem vasculhar tudo que quiserem.

O iceberg

Abaixo da superfície centrais que detém o conhecimento dos humanos desde que conectados à internet. A partir dessa montanha de dados podem traçar modelos matemáticos a quem interessar possa sobre quanto tempo de vida tem, quais doenças e distúrbios mentais eventualmente você tem. sse enorme banco de dados pode ser adquirido por quem pagar por eles, inclusive  por quem ou o emprega.

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Ficção? Mas não mesmo. Ferramentas digitais já permitem esse tenebroso quadro, e só não é sabido em que escala é empregado. Não se fala mais no Projeto Genoma, que, uma vez completo, pode apurar ainda mais sua saúde física e mental, de tal forma que sabem qual a sua sobrevida. Imaginem o interesse para as seguradoras, para dar um exemplo.

A disseminação e uso sinistro é apenas uma questão de tempo.

Cidadão X

Há um filme dos anos 1990 chamado Cidadão X, produção europeia que conta o caso real de um serial killer russo, que matou mais de 50 pessoas nos arredores de Moscou. Um dos atores é Donald Sutherland, que faz o papel de um coronel da KGB. O homicida começou sua trajetória nos anos 1980 e foi preso após a queda do regime comunista, sempre perseguido por um mesmo investigador de Polícia.

O assassino era muito habilidoso, nunca deixava pistas. Desesperado, o investigador recorreu a um psiquiatra, interpretado pelo magnífico Max von Sidow – profissão proibida no império soviético – que o aconselhou a consultar o banco de dados do FBI, o que ele fez na surdina. Alimentado pelos poucos dados da polícia russa, os especialistas traçaram um perfil do assassino em série baseado também no perfil das vítimas.

Atenção, spoiler:

O FBI lhe passou as coordenadas. Tratava-se de um caucasiano por volta dos 40 anos, provavelmente professor que viajava muito de trem na região, era um sujeito solitário e outros detalhes. Uma campana nas estações ferroviárias finalmente o prendeu quando escolhia outra vítima.

Vale a pena revirar as locadoras virtuais. Além da história em si, o diretor acompanha usos e costumes do regime soviético antes e depois da queda. Sutherland, por exemplo, deu força para o policial desde o início. Era coronel e dirigia um Lada. Quando prenderam o cara, já na abertura, era general e tinha uma Mercedes.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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