Trovões ao fundo

9 fev • NotasNenhum comentário em Trovões ao fundo

Todo governo que começa traz expectativas para a sociedade e os que votaram nele têm mais ainda. No fundo, acreditamos que tudo vai melhorar, quando na realidade é sempre mais do mesmo. Sapiência que vem da idade.

Então me perguntam o que estou achando do governo Lula. Não sei. Ele ainda não começou a governar, ué.

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Por enquanto, ataca o governo que se foi e faz palavrório sobre o governo que começa quando ele nem começou. Então, oremos.

Lula é um animal político, como se diz. Dentro dos ataques diários está o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e dos juros altos que se impõem como forma de baixar a inflação.

É um remédio universal. Fogo de dragão não se mata com extintor de carro. 

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Mas Lula sabe que o povão só capta a mensagem “juros altos”. O povão não sabe nada de Selic ou de política monetária. Essa é uma das espertezas do presidente, bater no tambor sabendo quais ouvidos o escutarão.

Os aldeões estão inquietos

O que sei é que a grande imprensa do Rio, São Paulo e Brasília está ficando inquieta, exasperada até, com esse samba de uma nota só. Como diz o editorial do jornal O Globo, “Lula deve parar de criticar o BC e começar a governar”. 

Pois é esse exatamente o grande problema do ex-sindicalista. Pra burro ele não serve, sabe que a cobrança vem de a cavalo, como se diz lá no Alegrete. E vem depressa.

Até agora, todas as promessas feitas são meras cartas de intenção. Na Argentina, prometeu mundos e fundos. No Uruguai, levou um chega-pra-lá, e até agora nada saiu do papel.

E não saiu porque leva um tempão, anos até. E até lá, vai preencher o vazio como?

Como todo governante, mexerá no IR pessoa física de baixo e dará um talagaço no povo de cima. Mas também no povo do meio, que antigamente se chamava classe média e hoje é apenas uma pálida massa que não consegue fechar o mês, mesmo gastando só o essencial.

Porão sem janelas

Essa é a grande tragédia brasileira, seja quem for o presidente. Ao longo dos últimos 30 anos, a classe média deixou de ser média e virou baixa. Já a baixa virou morador de porão sem janelas.

Podem chamar de destino, o fato é que somos uma sociedade fraca que elegeu governantes fracos ao longo de décadas e décadas.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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