Sobre medos e temores
Fiquei impressionado com a atitude de uma mulher que cruzou comigo em calçada estreita. Ao me ver, os olhos se arregalaram. Apertou a máscara e ainda colocou as duas mãos no rosto como a protegê-la.
– Não me leve a mal. É para ver como eu tenho medo dessa coisa.
A coisa. Lembrei do filme. Como pode a humanidade ter medo de coisas reais e, quando pode, vai ver filme de terror.
Meus medos…
…de criança e adolescente eram poucos se comparados aos de hoje. Medo maior era ir para o inferno, cortesia da Santa Madre. Tudo da igreja Católica levava ao terror. Robespierre, você era fichinha perto da Igreja. Outro pânico era o de contrair lepra, hoje hanseníase. E da guerra nuclear, porque lia muito desses rumos apocalípticos.
Ataque de extraterrestres assassinos também assustavam, mas tínhamos a secreta esperança de que eles viriam em paz, trazendo a cura para todas as doenças. Medos menores eram não passar de ano no colégio, ficar em segunda época especialmente em Matemática. Eu, todos nós, tivemos péssimos didatas nas ciências exatas.
Um medinho besta era faltar baunilha para a mãe fazer gelatina de framboesa com creme de baunilha.
Ora pro nobis
Quando o governador Eduardo Leite decretou bandeira preta, fez um adendo “pelo menos até o dia 22” (de março, N.R.). Então vamos ao famoso pensa comigo. Ora, dia 22 é logo ali. Cercado de especialistas como está, haveria chance das infecções caírem na mesma velocidade que subiram, um secreto quem sabe?