Seca que ficou molhada
Para evitar aglomerações, o prefeito Sebastião Melo quer proibir a venda de bebida alcoólica nestes pontos. Lei seca nunca deu certo. Até porque a gurizada traz de casa. Nos EUA vigorou de 1920 a 1933, e no rastro criou ou incrementou a Máfia, a indústria do contrabando, corrupção policial em larga escala, milhares de assassinatos. A Lei Seca foi a glória do crime organizado e a derrota de milhões de fígados arruinados por bebida falsificada cheia de metanol, o destruidor. Sem falar na sonegação fiscal.
Criatividade alcoólica
É verdade que lá ela vigorou durante mais de uma década, e aqui o prefeito só a quer em dias de festa, finais de semana. Querem saber? Não vai dar certo. Os bebuns se viram, são criativos.
A devastação
É preciso dizer que, em termos quantitativos, o álcool é um problema muito mais sério do que as drogas. Qualitativamente não fica muito atrás. E altera a consciência, causa euforia e depois depressão. Em torno de 30% a 35% dos bebedores tornam-se alcoólatras, dado do pioneiro da dependência química no RS, o doutor Sėrgio de Paula Ramos.
Fluido on the rocks
O humorista que falava sério, o americano W.C. Fields, disse por volta de 1935, que os EUA eram uma nação grande e bêbada. Até hoje. Vejam os russos. Passam o dia bebendo vodca. Caminhoneiros da Sibéria acham que vodca a 96 GL é bebida de criança. Os dependentes bebem até fluido de freio, como aconteceu na Guerra do Afeganistão, fluido de freio de tanque T-34, guerra em que levaram uma saranda dos afegãos armados pelos americanos. Entre eles, Bin Laden.
Em décadas passadas, moradores das favelas cariocas diziam que miséria mesmo era velório sem cachaça.
Se eu quero acabar com a bebida? Não. Quem pode beber sem se viciar, vá em frente. Nada contra.
O biodiesel dos humanos
Não se pode destruir o combustível da humanidade. Até Noé, o da arca, ficou de porre É um fato inescapável. Outro combustível dos humanos é a burrice, outra realidade inescapável. Mas essa já é outra história.
Nosso liberais I
Joia de lógica do jornalista Carlos Brickmann (www.chumbogordo.com.br): “O rótulo de “liberal” tem vários sentidos. Em economia, indica os que preferem deixar a economia funcionar com o mínimo de interferência estatal. Nos Estados Unidos, o liberal está à esquerda do centro, mas sem chegar à social-democracia. Na Europa, o liberal está à direita do centro, mas sem chegar ao conservadorismo. No Brasil, liberal é o Valdemar Costa Neto.”
Nossos liberais II
“Valdemar, por apelido Boy, é o presidente do Partido Liberal. Fez parte do Governo de Lula e do Governo de Bolsonaro, em ambos os casos tendo cargos ocupados por gente sua. É coerente: está sempre com o Governo, e não tem culpa de que o Governo mude. Centrão desde criancinha, crê na Oração de São Francisco (é dando que se recebe)”. Brickmann resume bem o quanto é esquisita e adaptável às circunstâncias a política brasileira e seus caciques.