Tempos heróicos
Nascido na Alemanha em 1897, meu pai Franz Joseph Albrecht, mais tarde Francisco José, lutou em um caça-minas da Kriegsmarine alemã na I Guerra Mundial. Findo o conflito, veio para o Brasil em Dezembro de 1919, chegando aqui em janeiro de 1920.
Foram tempos árduos em um país com língua diferente. Foi caixeiro-viajante no lombo de uma mula no Vale do Caí, trabalhou em cervejaria em Porto Alegre, e depois arranchou-se em Santa Teresinha, Bom Princípio RS. Mais tarde, teve casa de comércio em São Vendelino, onde nasci, em 1943.
Em Santa Terezinha, conheceu minha mãe, Felicita Avelina Selbach, com quem se casou. Chegou a ter uma ferraria e a imagem mostra uma obra sua, a bela carroça-carruagem. Meus pais estão juntos à direita da carroça.
Eu sinto remorso por não ter conversado mais com ele sobre aqueles tempos. Ele faleceu em 1978. Não passa um dia sem que eu não lembre dele e da mãe, que faleceu aos 91 anos, em Montenegro. Crianças, falem com seus pais enquanto é tempo, ouçam suas historias antes que o silêncio cubra tudo.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
Eu também lembro todos os dias de meus pais e seguidamente dos meus avós. Sinto falta do que não vivi.