Renda fixa: de volta ao status de melhor opção

22 dez • ArtigosNenhum comentário em Renda fixa: de volta ao status de melhor opção

Por Samyr Castro*

Embora a pandemia venha dando sinais de trégua desde o início da vacinação em massa, a previsão de crescimento da economia brasileira para 2022 não é das melhores. O Boletim Focus, do Banco Central (BC), acaba de divulgar os números do PIB e eles ficaram bem abaixo do esperado, passando de 4,97% este ano para 1,40% no ano que vem. As razões para a queda são várias, entre elas a piora das contas públicas, o câmbio depreciado, a desancoragem da inflação, os juros em alta, o cenário externo complicado e também a proximidade das eleições.

Com a economia mais fraca, investimentos na bolsa de valores podem se tornar menos atrativos, uma vez que as condições ruins de mercado resultam em menor volume de vendas para as empresas, gerando menos receitas e, consequentemente, lucros menores. Com a crescente alta dos juros SELIC – que caminha para encerrar o ano em torno de 9,25% (sua elevação é uma estratégia para controlar a inflação) – e futuros, as aplicações em renda fixa passaram a configurar uma opção interessante para os investidores em 2022.

Mas aqui um alerta: a dinâmica de prêmio e rentabilidade pode ser diferente entre os diferentes tipos de ativos de renda fixa.

Os ativos pós-fixados, por exemplo, aqueles que se movimentam junto a um indexador, podem parecer nebuloso, mas podem representar uma boa opção hoje. Basta pensar que alguns dos indexadores utilizados para compor a rentabilidade desses ativos são o CDI, a taxa básica de juros da economia (SELIC), o IPCA ou o IGP-M. Em termos práticos, a rentabilidade de um investimento pós-fixado é mostrada em um percentual do indexador – que, no caso do DI, atualmente não para de subir.

Já os investimentos prefixados, que também podem ser uma excelente alternativa para quem quer ver seu dinheiro render, podem sofrer a depender da dinâmica de juros. Porque eles têm a sua rentabilidade conhecida no momento da aplicação e como o investidor trava uma taxa no momento presente, uma contínua elevação dos juros SELIC e futuros ao longo de 2022 pode tornar as taxas preestabelecidas menos atrativas. Mas claro que se o cenário acalmar esses títulos podem ser premiados.

Neste sentido, a vantagem dos títulos com rentabilidade prefixada também é o que aumenta seus riscos. Por mais que o país esteja passando por um período de crise, o ganho dessa aplicação está definido e não será alterado por nenhum fator, como queda na taxa de juros ou bolsa, por exemplo. Por outro lado, observando de forma mais específica, os investimentos prefixados podem traduzir um risco maior que os pós-fixados, já que a inflação pode continuar a subir e os juros também para ancorá-la.

Por último, é importante ter em mente que os ativos atrelados à inflação também tem uma parte prefixada e isso traz a essa parte destes ativos o mesmo risco que os prefixados “secos” (sem inflação). O ponto é que quando comparado aos ativos prefixados o risco é menor justo por terem suas partes pós fixadas atreladas à inflação. Mas como no mercado não existe almoço grátis, esse menor risco pode trazer também menor retorno aos ativos de inflação, já que mesmo em alta neste momento, mercado e banco central apostam que a inflação tende a desacelerar em 2022.

Se você está pensando em investir suas economias, antes de decidir qual investimento faz mais sentido, analise o momento econômico que vivemos. Existem boas opções para fazer seu dinheiro render, bem melhores do que a poupança. Reflita sobre todas elas e não deixe de pedir auxílio para aproveitar este momento de alta nos juros.

*Samyr Castro é CEO do BankRio

ATENÇÃO: As opiniões publicadas em artigos não necessariamente são as do editor deste blog.

 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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