• O oitavo carregador de moringa

    Publicado por: • 21 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    O afiador de facas e tesouras com sua flauta de Pan empurrando sua oficina que se transformava em carrinho num upa sumiu. Aqui e acolá ainda se vê algum, mas são raros. A culpa é dos asiáticos, que jogaram facas e tesouras baratíssimas no mercado, então não valia mais a pena. Outras profissões foram extintas devido à internet e tecnologias novas. Mas algumas extinções não se devem a substitutivos modernosos.

    O que sumiu de vez foram algumas autoridades civis e eclesiásticas que compunham as mesas de honra ou de solenidades e inaugurações diversas nas cidades. O cerimonial daqueles tempos contemplava em primeiro lugar a autoridade maior, presidente, governador ou prefeito e presidente dos poderes, o bispo ou arcebispo, no caso de Porto Alegre, o Magnífico Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), depois o Chefe de Polícia, Comandante da Brigada Militar e, em seguida, autoridades menores, que nem sempre eram citadas.

    O Reitor e o Chefe de Polícia, principalmente, sumiram das festividades e inaugurações. Chefe de Polícia, deram-se conta? A Polícia Civil era respeitada e, antes dos fiscais da EOTC e da Brigada Militar, ela abrangia a Guarda de Trânsito, uniformizada. Eram os ratos brancos por causa da cor do quepe.

    Mencionar a todos os presentes antes de um discurso era uma monotonia só. Por isso, algumas autoridades pulavam essa parte, limitando-se a senhores e senhoras. O único que eu lembre que citava até o oitavo carregador de moringa do safári era meu amigo governador Germano Rigotto.

    Enfim, discurso longo é chato. Mas eu sinto falta da menção ao reitor e do chefe.

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  • Sem passividade

    Publicado por: • 20 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Na noite de terça-feira, eu e o advogado Antônio Augusto Mayer dos Santos, velho parceirão, falamos para o pessoal da Associação dos Moradores e Empresários do Bairro Moinhos de Vento (Porto Alegre). O tema era política, porque insistir nela e como reagir nestes tempos de descrédito. Ficamos impressionados com a garra dessa turma.

    A ordem é renovar

    O que observei é que eles não são da turma que desiste da política porque ela está podrida, como diz o castelhano. Só querem renovar nomes, e estruturas arcaicas devem ser abolidas. Mais, eles têm nomes que concorrem à Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. A ideia é participar e não ficar passivo com a deterioração das instituições.

    A condenação

    O cúmulo da desmoralização: O Brasil receberá 50 ararinhas azuis que aqui estão extintas. Deu no site Brasil Alemanha. Essas e outras explicam porque somos o que somos e outros países são o que são, coisa que nunca seremos.

    A salvação

    O Brasil já é o terceiro maior exportador agrícola do mundo. Mas as mudanças climáticas podem representar um desafio real para a expansão produtora do País e gerar uma contração das vendas externas até 2050. No levantamento da FAO, o Brasil terminou o ano de 2016 com uma fatia de 5,7% do mercado global, abaixo apenas dos Estados Unidos, com 11%, e Europa, com 41%. No início do século, o Brasil era superado por Canadá e Austrália, somando apenas 3,2% das exportações mundiais e disputando posição com a China, com 3%.

    O perigo vem da cidade

    O perigo não são apenas as mudanças climáticas. Dependendo de quem for o futuro presidente, que vê exagero nos benefícios ao campo, podemos temer o pior. Pelo menos um candidato já disse isso em Porto Alegre.

    Os gênios

    Esse é o problema de quem entra. A primeira coisa que fazem é diminuir os ministérios mas mantendo o funcionalismo – porque não podem simplesmente demiti-los e a segunda coida é reinventar a roda, não necessariamente pela nesta ordem.

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  • Dai-me um tempo

    Publicado por: • 19 set • Publicado em: Sem categoria

    O Brasil tem muito em comum com Santo Agostinho. Antes de ser condecorado com a láurea máxima da Igreja Católica, Agostinho era um pândego. Devasso até, chegado num bacanal, muitas mulheres, vinho e devassidão. Seu comportamento era criticado e ele próprio viu que as coisas estavam fugindo do controle. Optou por pisar no freio, mas bem devagar. Então disse a famosa frase:

    – Senhor, fazei-me casto, mas não agora.

    Estoque de sacanagem

    Quer dizer que nosso santo homem ainda tinha um estoque de calaçaria e esbórnia. E como é feio jogar coisa fora, deu-se um tempo. O resto todo mundo sabe. Virou santo e santo dos grandes, grande pensador que era.

    O Brasil de Agostinho

    Pois o Brasil me parece o Agostinho de então. Nunca fez o dever de casa, nunca tocou as reformas necessárias mesmo quando a situação era propícia para tal, e até mesmo quando os governantes cavalgavam enorme popularidade, como Lula. Não tocou uma só mísera reforma das tantas indispensáveis. De alguns anos ouvimos a mesma lorota de sempre, este ano não dá porque é ano eleitoral, ano que vem não dá porque não é ano eleitoral. Tudo papo pra boi dormir.

    Um dia, quem sabe

    Nunca fizemos nem faremos. Talvez haja alguma reação quando não tiver mais dinheiro para pagar subsídios para parlamentares e vencimentos do Poder Judiciário e do MP. Só que a essa altura o povo propriamente dito já terá morrido de fome.

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  • Todo mundo é bom até que a vaca entre no jardim.

    • Provérbio irlandês •

  • Desenvolvimento

    Publicado por: • 19 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    O Brasil está em 79º lugar no Índice de Desenvolvimento, berram as manchetes. Mesmo quando crescíamos bem, mas efemeramente, não éramos grande coisa e de nada adianta estar em 50º ou perto dele. Mas seria melhor, dirão. E daí? O mundo é dos Top Ten, então não me venham de borzeguins ao leito. E lá nunca chegaremos.

    Ah, mas estamos melhores que o Burundi, o Chade, a Venezuela e não sei quantos mais países atrasados. Grande bosta. Lembra uma história de um amigo dileto meu, o Gabriel, de 1978, por aí. Ele sumiu dos bares que frequentávamos. Depois de uma pequena investigação o descobri sentado em uma mesa do lado mais escuro de uma uisqueria, a Whisky Center, na Rua Riachuelo, solitário e deprimido de dar dó.

    Olhei de perto e vi que escondia a boca com a mão. Olhei de novo e vi que estava sem os dentes da frente, logo ele, que tinha no sorriso e na gargalhada o seu hit. Falei pra ele que os dentistas faziam milagres, que era questão de tempo e coisa e tal. Gabriel me cortou.

    – Fernando, Fernando, não me consola com teus dentes…

    É o caso.

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