O oitavo carregador de moringa
O afiador de facas e tesouras com sua flauta de Pan empurrando sua oficina que se transformava em carrinho num upa sumiu. Aqui e acolá ainda se vê algum, mas são raros. A culpa é dos asiáticos, que jogaram facas e tesouras baratíssimas no mercado, então não valia mais a pena. Outras profissões foram extintas devido à internet e tecnologias novas. Mas algumas extinções não se devem a substitutivos modernosos.
O que sumiu de vez foram algumas autoridades civis e eclesiásticas que compunham as mesas de honra ou de solenidades e inaugurações diversas nas cidades. O cerimonial daqueles tempos contemplava em primeiro lugar a autoridade maior, presidente, governador ou prefeito e presidente dos poderes, o bispo ou arcebispo, no caso de Porto Alegre, o Magnífico Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), depois o Chefe de Polícia, Comandante da Brigada Militar e, em seguida, autoridades menores, que nem sempre eram citadas.
O Reitor e o Chefe de Polícia, principalmente, sumiram das festividades e inaugurações. Chefe de Polícia, deram-se conta? A Polícia Civil era respeitada e, antes dos fiscais da EOTC e da Brigada Militar, ela abrangia a Guarda de Trânsito, uniformizada. Eram os ratos brancos por causa da cor do quepe.
Mencionar a todos os presentes antes de um discurso era uma monotonia só. Por isso, algumas autoridades pulavam essa parte, limitando-se a senhores e senhoras. O único que eu lembre que citava até o oitavo carregador de moringa do safári era meu amigo governador Germano Rigotto.
Enfim, discurso longo é chato. Mas eu sinto falta da menção ao reitor e do chefe.