• O resmungo do francês

    Publicado por: • 6 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    Quando eu era bem menino, no início dos anos 1950, e morava em São Vendelino, meu pai tinha um Renault Juva 4 que não era maior que um pão de meio quilo. Para enfrentar as estradas sem asfalto da região, era movido com um motor mais fraco que filhote de beija-flor. O grande problema era ligar o motor sem afogar.

    Além disso, com quase 100 mil Km na cacunda, o carrinho resmungava ao ser acordado. O motor já deu o que tinha que dar e pode-se dizer que ele rodava por aparelhos. No inverno era um inferno. Com todo cuidado para não descarregar a bateria, apertava-se o botão do arranque e pisava-se no acelerador em manobra bem sincronizada.

    Se pifasse a manobra, o remédio era virar o motor com uma alavanca, que se encaixava no virabrequim, com entrada abaixo do radiador. Em boa parte das vezes, o motorzinho do Juva 4 fazia que ia, mas não ia, tossia, engasgava e acabava morrendo. Em casa tudo bem, mas quando se viajava em estradas de chão batido embarradas na calada da noite, dava uma aflição danada.

    Se eu soubesse na época o que sei hoje, teria dito ao meu pai que o Juva 4 seria como o Brasil. Fraco como ele só, faz que vai, mas não vai, tosse, resmunga, engasga e morre. Normalmente, na praia.

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  • Porque hoje é sexta

    Publicado por: • 6 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Porque hoje é sábado é nome de poema de Vinicius de Moraes. Longe de mim copiar o poetinha, mas eu criei um similar para sexta-feira. Foi mais uma semana cheia e não-boa (meio copo cheio) ou ruim (metade do copo vazio). Portanto, vou arejar este espaço assim como se abre as janelas da casa da praia depois de longo e tenebroso inverno. Essa foto aí de cima, diga de qual lugar, estado ou região é. Parece um rio ou lago escondido. Mas não é. Descobriu?

    O VICE DO VERSO

    Não precisa se avexar. Você e 99% da população provavelmente nunca estiveram lá. Então aqui vai outra imagem que certamente será reconhecida por parte da população gaúcha. Vamos então à segunda foto, obtida do lado oposto da ilha. Que é a Ilha do Pavão, sede do Grêmio Náutico União. Por entre promessas coloridas de primavera, vê-se ao fundo o concreto armado e esticado de Porto Alegre. Que fica a poucos quilômetros do paraíso.

    flores da primaveraA ADMIRAÇÃO DE SEU ADEMAR

    Contam que o prefeito paulistano Ademar de Barros não conhecia Porto Alegre. Então, na primeira vez que veio, ficou admirado ao ver da janela do avião na reta final da pista do Salgado Filho. Então se virou para um assessor.

    – Ah, se eu tivesse um Guaíba em São Paulo…

    A CIDADE DO NÃO

    Pois é. E as tentativas feitas para revitalizar o Cais Mauá do porto até agora deram com os burros n’água. O assunto está como minhoca na ponta do anzol. E nenhum peixe grande de verdade morde a isca. Houve vários grupos, alguns claramente aventureiros, outros que simplesmente não conseguiram investidores. Mas o verdadeiro culpado é o poder público dos três níveis.

    BATRÁQUIO ENTERRADO

    Uma mistura de má vontade – inclusive ideológica – com toneladas de burocracia mais movimentos de proteção às baratas e ratos que infestam os armazéns impediram que o projeto avançasse. Agora, os atuais investidores, com bala na agulha e bem intencionados conversam com a Justiça. Tem sapo grande enterrado no cais.

    O BRASIL QUE FUNCIONA

    No próximo dia 10, terça-feira, a advogada Laura Mattos palestrará sobre o tema “Possibilidade de Pactos Sucessórios no Direito Brasileiro?”, a partir das 12h, no quarto andar do instituto. A entrada é sempre aberta. Mais informações no telefone 51-3224-5788.

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  • A sorte do ignorante é ele não saber que não sabe.

    • Provérbio judaico •

  • Ponto de vista

    Publicado por: • 5 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    No auge da guerra fria, anos 1960, e com o pesado investimento que os soviéticos fizeram em esportes olímpicos, o governo desafiou os Estados Unidos para um tira-teima, uma corrida de 100 metros rasos entre o melhor atleta soviético e o melhor do Tio Sam. Proposta aceita, foram à raia.

    Assim que foi dada a largada, o americano disparou na frente do soviético e o venceu com larga vantagem. No dia seguinte, o Pravda, jornal oficial do PC, deu a seguinte manchete;

    “A URSS tirou o segundo lugar e os EUA chegaram em penúltimo.”

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  • Bizarrices sulinas

    Publicado por: • 5 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Aqui no Sul, temos alguns ossos de frango entalados na garganta que necessitam de cirurgias avançadas. O primeiro é – e não pretendemos ser originais – a enorme teia burocrática que atravanca o progresso. Não é como nos demais estados, aqui parece pior pela teimosia gaúcha. Ressalvo que o governador Eduardo Leite vem se esforçando para modernizar o RS.

    PRATO PRINCIPAL

    Ontem, no evento Tá na Mesa, o presidente da Assembleia, Luís Lara, apresentou o Cresce RS, que pretende destrancar a tranqueira geral. É uma união entre poderes que passa pelo MP e Judiciário, entre outros. Tudo bem, aplausos gerais, mas me permitam colocar uma mosca na sopa: sem reforma profunda na máquina administrativa, nada ou quase nada se pode fazer.

    A COISA

    É a mesma coisa quando falamos que o povo tem culpa pelo nosso atraso, só que eu e você também fazemos parte do povo, como já escrevi. Quando bate nas corporações e também nas “corporações” intermediárias, o papo é outro. Para piorar, cá também temos algumas propostas estranhas, uma delas feita pelo bem-intencionado vereador André Carús. Mas de boas intenções o inferno está cheio.

    CAIS MAUÁ

    Para começar a conversa, a Capital gaúcha quer que o desativado Cais Mauá e seus armazéns sejam revitalizados e reformados a fim de dar lugar a operações gastronômicas e de lazer, com shopping e torres. Para abreviar, essa luta tem nove anos. Uma sucessão de equívocos e investidores desastrados – menos o último – torpedeou a ideia. Os atuais investidores tentam uma solução com o governo.

    O RETROCESSO

    Então chega o vereador Carús e propõe que o Município assuma o projeto, já que a iniciativa privada não deu conta do recado. Ora, a Prefeitura não tem dinheiro nem para tapar buracos nas ruas. E qual investidor aportaria recursos em um projeto gerido por governo?

    E LÁ VEM ELE

    Dia 12, vem a Porto Alegre, palestrar na Câmara Brasil Alemanha, o vice presidente Hamilton Mourão. Mourão na parada, lotação esgotada.

    PERIGO A ESTIBORDO

    Bolsonaro tem dois ministros-chave: Sérgio Moro e Paulo Guedes. Qualquer um dos dois que caia – ou seja caído – afunda o barco. E Moro já mostra rombos no casco causados por torpedos presidenciais. Isso nem sou quem digo, é conversa de bar.

    EM COMPENSAÇÃO…

    Foto: Clarice Castro/Ministério da Cidadania

    Foto: Clarice Castro/Ministério da Cidadania

    …há ministérios outros que são muito bem administrados. Caso da Cidadania, de Osmar Terra, que tem o projeto Primeira Infância como menina dos olhos. E desde Temer. Pois ele venceu a edição 2019 de um dos maiores prêmios internacionais do mundo na área da educação: o WISE Awards da Cúpula Mundial de Inovação para a Educação.

    O BRASIL QUE FUNCIONA

    A versatilidade, leveza e durabilidade das grades de plástico PP (polipropileno) estão conquistando clientes dentro e fora do Brasil. Um dos principais fabricantes destes produtos, a Link Grades, de São Bernardo do Campo (SP), já está com um distribuidor na Califórnia, nos Estados Unidos, por conta da boa aceitação das grades. “As grades de plástico têm uma estética bonita e podem ser coloridos e personalizados com a marca do cliente”, afirma o diretor da Link Grades, César Yoshizumi.

    grade plásticoA empresa, que utiliza matéria-prima da Braskem, é uma joint venture entre a Tsong Cherng – indústria brasileira de máquinas injetoras, com mais de 30 anos de experiência em transformação de termoplásticos -, e a CY Holding, gestora de soluções em plástico. Um dos integrantes da holding é a CriaDeck, fabricante de pisos plásticos modulares atuante no mercado de eventos.

    Além disso, os produtos têm proteção contra os raios ultra-violeta, o que proporciona grande durabilidade e resistência mecânica, mesmo com uso em áreas externas. A Link Grades iniciou a produção há cinco anos e, de acordo com Yoshizumi, os produtos têm boa aceitação para cercamento e sinalização em shopping centers, escolas e eventos, entre outros ambientes. A produção é feita por lotes de 2.500 unidades e cada lote consome 30 toneladas de plástico PP. Outra vantagem é que as grades plásticas são recicláveis e não geram resíduos no processo de fabricação. No Polo de Triunfo, a própria Braskem também utiliza as grades de plástico.

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