• Os cinco desaparecidos

    Publicado por: • 4 mar • Publicado em: A Vida como ela foi

    O avançar dos anos, para ser misericordioso com minha geração, traz uma tragédia dupla. A primeira é que os bons tempos não voltarão blá blá blá. A segunda é o sabor de comidas e bebidas que, mesmo ainda disponíveis, não têm mais o mesmo gosto de outrora. Talvez nosso paladar tenha mudado, as papilas gustativas tenham sofrido abrasão, a receita foi alterada ou simplesmente os cozinheiros ou cozinheiras que tenham produzido o sabor dos verdes anos não tenham deixado sucessores de receita. Então vou a uma lista provisória de cinco:

    1)  O pastel de carne que eu comia no Colégio São Jacó em Hamburgo Velho, bairro de Novo Hamburgo (RS). Eu poupava meu rico dinheirinho da mesada para comê-lo. Deus do Céu deve ter levado o simpático pasteleiro para as Eternas Pastelarias. Se não levou, azar o dele. Não sabe o que perdeu.

    2) A pizza do El Molino, uma das poucas pizzarias de Porto Alegre nos anos 1960. Na Cristóvão Colombo perto da Ramiro Barcelos. Só três sabores, mozarela, mozarela com presunto e calabresa. O diferencial era um molho especial, que nunca mais encontrei.

    3) Bastão de Leite, não sei se da Neugebauer ou outra marca. Tinha algo de avelã nele, uma mistura com marzipan. Cor gelo.

    4) O bauru de três andares de pão de sanduíche especial com lombinho, queijo e tomate do Centro Esportivo, na Benjamin Constant perto da Cristóvão Colombo.

    5) O cachorro quente original do Rosário. Uma tendinha simples que ficava na calçada do colégio. Salsicha (ou linguiça), molho caseiro comum, tomate e cebola e mostarda. O pão não era d’água, cacetinho, sempre fresquinho. Nunca mais. Tem um parecido na Confeitaria Princesa, na subida da Rua da Praia, mas com o pão massinha. Bom, mas não é a mesma coisa.

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  • Não desejo essa gripe nem para meu pior inimigo. Talvez apenas para meu ex-namorado.

    • Tati Bernardi •

  • Excitação pelo desastre

    Publicado por: • 4 mar • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Do ponto de vista da imprensa em geral, a ameaça do coronavírus foi recebida de braços abertos. No vazio dos meses de veraneio e com as férias de 110% de suas excelências, o buraco existencial só não tragava tudo porque jornalista também é filho de Deus. No Sul, nossas férias são em fevereiro, no Centro, em janeiro, então sem as férias seria muito jornalista para pouca notícia. Mesmo assim, era comovente ver o processo de enchimento de linguiça nas redações.

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    A NOVIDADE QUE MATA

    Mas eis que veio o Covid-19, que maravilha. Habemus vírus novo, aleluia! E aí o festival que se viu e ainda se vê. A função do jornal é alarmar o povo. Rádio e TV a mesma coisa, mas como o áudio os domina, é de quem gritar mais alto. Na televisão, temos os melhores atores e atrizes. Lembra o poeta português Fernando Pessoa: O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente.

    O DIABO MAIS FEIO

    Enfim, como dizia o chefe de reportagem de ZH Adão Carrazzoni, nos anos 1970, tirem a bunda das cadeiras e vão para a rua. Infelizmente, hoje repórter fica mais tempo com a bunda na cadeira do que na rua. Notícia, hoje, se homizia no computador. Bem, lá se foram os alegres rapazes e garotas, tornar o coronoavírus mais feio que é. Um parêntese: essa é uma especialidade da minha profissão. Inventam cada vez mais cremes e microcirurgias para tornar as pessoas mais belas, mas para deixá-las mais feias somos imbatíveis, nem cirurgião plástico cego e com tremedeira. Fecha parêntese.

    PAUSA PARA MEDITAÇÃO

    Bom, aqui estamos nós com um bicho que contaminou, até ontem às 19h10min, 67.217 pessoas em TODO O MUNDO e matou 2.835 pessoas em todo o mundo de acordo com o mapa online do Johns Hopkins Hospital. Já li que o número de casos atingiu 90 mil, em números redondos, com 3 mil mortes, mas a ordem dos tratores não alterou o viaduto. Então o que se passa na cabeça dos brasileiros?

    SELEÇÃO DAS ESPÉCIES

    Primeiro, tirem-se a massa que nem sabe o que é ou ouviu falar vagamente; depois, foque nos que sabem, leram, informaram-se sobre o assunto. Uma parte cada vez maior está ficando convencida que foi muito barulho por nada, mas continuam cautelosos. Vai que, é a filosofia. O que acontece enquanto seu lobo não vem ou fugiu? Como está o Brasil fora do assunto doença?

    TÁ TUDO DOMINADO

    Não vai bem. Nos dois últimos meses de 2019 e nos dois primeiros de 2020 alicerçou-se a convicção que a economia não só não reagiu como se previa como o crescimento, que já era baixo, tende a piorar por motivos óbvios, eles conseguem entender isso. Então há um sentimento de frustração. Para piorar, dólar alto significa pressão na inflação e no custo de alimentos e remédios, entre outros setores da economia. Ruim, né?

    PENSAMENTO DO DIAS

    Hoje, recebo salário para ficar devendo.

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  • O Brasil que funciona

    Publicado por: • 4 mar • Publicado em: O Brasil que funciona

    MAIS de 150 colaboradores do Banrisul participaram da atividade Onda Azul, caminhada feita nesta terça-feira (03) pelo parque da Expodireto Cotrijal, em Não–Me-Toque. Durante a ação, foram intensificados os negócios junto aos expositores da feira.

    Os participantes da iniciativa também participaram da palestra Tendências do Agronegócio, ministrada por Alexandre Mendonça de Barros, da empresa MB Agro.

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  • Nós, os hermafroditas

    Publicado por: • 3 mar • Publicado em: A Vida como ela foi

    Um resumo de como a humanidade surgiu no meu entendimento. No princípio, Adão era a Eva e vice-versa. É como vejo a Criação. Mesmo não sendo mais religioso, de alguma forma, o que está na Bíblia faz sentido com o que supõe a Ciência. Primeiro fomos peixes, depois anfíbios e, de algum modo, chegamos onde chegamos em terra firme. Já os criacionistas insistem que foi num upa. Adão tirou uma costela e assim nasceu a Eva.

    Faz sentido. É só olhar o corpo do homem e da mulher. Nos primórdios, saímos da água hermafroditas. Nós mesmos nos engravidávamos, por assim dizer. Provavelmente, amparado por alguma liminar, houve separação dos corpos. Tanto que os homens têm mamilos, mas não tem seios. Foi nesta separação que o lado mulher não quis ceder, por isso ficou com seios maiores. Nem preciso dizer que, nos países baixos, a coisa toda se explica. Elas têm vagina e nós, pênis. Feitos um para o outro, anatomicamente falando.

    O machismo, sempre ele, transferiu para a mulher a árdua tarefa de engravidar e ter filhos. O máximo de indenização que a mulher conseguiu foi que só o homem teria barba, e teria que fazê-la diariamente. Uma chatice. Só o que não tem lógica é a história da serpente carregando uma maçã na boca.  Não tem como. Foi aí que surgiu a primeira falsificação na história da humanidade. A cobra é fake. Foi ilusão de ótica, na melhor das hipóteses.

    O resto vocês conhecem. Por ter cometido o pecado carnal, o casal teve que sair de um duplex com piscina na cobertura para morar num quarto e sala do Minha Casa Minha Vida, ganhar o salário mínimo e comer o pão que o Diabo amassou, enrolado nos juros do cheque especial por toda a vida.

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