• Às armas, gauchada

    Publicado por: • 6 mar • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Mais essa no lombo do cavalo gaúcho. O pôr do sol de Porto Alegre não está na lista dos 100 mais bonitos do mundo. É roubo, queremos VAR. Onde já se viu tamanha desinformação. A lista é feita pela alemã Sunset Ranking, publicada pelo jornal Zero Hora. Só pode ser coisa de chucrute que nunca comeu guevos de touro nem costela gorda. Por muito menos que isso fizemos uma revolução, aliás duas, a de 1835 e a de 1930.

    Foto: João Mattos

    COMO EM 1930

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    Nesta última, os cavalarianos das tropas gaúchas amarraram seus cavalos no Obelisco Rio Branco, no Rio de Janeiro. Desta vez vamos amarrar nossos pingos no Portão de Brandemburgo, em Berlim, nem que tenhamos que ressuscitar a Varig para nos levar até lá. Onde já se viu. Eu já estava desconfiado que uma conspiração mundial estava em curso visando atingir os porto-alegrenses, o que agora se confirma.

    ALIENS MERCENÁRIOS

    Os sinais já estavam no ar. De madrugada, alienígenas mercenários a soldo de interesses inconfessáveis já abriam buracos nas nossas ruas. Também foram eles que sabotaram os projetos viários da Capital, que ou não terminam ou levam décadas. E desconfio também que eles preparam uma chuva de coronavírus. Há relatos de seres esquisitos espirrando em elevadores e outros locais fechados com muita gente.

    ORGULHOS DA JUVENTUDE

    Leio na Zero Hora que dirigentes da Cruz Vermelha RS são suspeitos de mal havidos, e não é de hoje. Essa entidade era um dos tantos orgulhos que nós tínhamos quando jovens. OK, não se culpe a entidade como um todo, mas sua reputação está manchada. Para arrecadar alimentos e remédios vai ter que vencer a desconfiança geral.

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    MORAL EM CONCORDATA

    Esses orgulhos, ah, como os tínhamos, estão esboroando como castelo de areia em dia de toró. Admiramos o trabalho dos médicos e enfermeiras que, mesmo embaixo de bombardeio no front, cumpriam seu dever sem reclamar.  Um a um, vamos perdendo esses orgulhos, geralmente para a cobiça e a moral em concordata, aliás, nome de peça de teatro dos anos 1950.

    ÁGUAS DE MARÇO

    De tanto deslizamento de terra no Rio de Janeiro e Litoral de São Paulo, não está longe o dia em que todos estes cenários serão planos. Morros e mata desaparecerão.

    VIDA BREVE

    Morreu esta semana em São Paulo, aos 67 anos, o jornalista Celso Pinto, criador do jornal Valor Econômico. Devia ser proibido morrer aos 67 anos.

    MÁ NOTÍCIA

    O site Jornalistas & Cia publica matéria da jornalista Luciana Gurgel (@lcnqgur), que sempre conta o que corre no Velho Mundo em geral e nos meios de comunicação em particular. Na semana passada, a entidade que afere a tiragem de impressos na Grã Bretanha anunciou queda de quase 2/3 na circulação em 20 anos. Os 16 diários nacionais britânicos existentes em 2000 contabilizaram em janeiro daquele ano circulação total de 21,2 milhões de cópias. Em dez anos, a tiragem caiu para 16,4 milhões. Vocês eu não sei, mas quando os jornais impressos morrerem ou quase, eu também me sentirei como um zumbi. É nesta condição, só  terei cabeças ocas para comer.

    CHATICES

    Agora chega a hora da segunda coisa mais chata do ano, a declaração do Imposto de Renda. A primeira é participar do amigo secreto, empatado com formatura.

    PENSAMENTO DO DIAS

    Um canto é um conto.

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  • Não basta ser um grande homem, é preciso sê-lo no momento certo.

    • George Pompidou •

  • A estranha doença do cavalo

    Publicado por: • 5 mar • Publicado em: A Vida como ela foi

    Plantão noturno no Hospital Veterinário da UFRGS, Porto Alegre. O médico-veterinário de plantão atende o telefone.

    – Pois não!

    Do outro lado, uma voz preocupada se mostra insegura.

    – Vocês por acaso atendem de graça para animais com doenças estranhas?

    – Não só estranhas, mas dependendo atendemos doenças comuns também. Qual é exatamente seu caso?

    A voz mostra-se aliviada.

    – Bom saber. É o seguinte, fico até com vergonha de explicar… Mas o meu cavalo está ficando verde!

    O veterinário pega papel e caneta. Não é todo dia que se ouve isso.

    – Como assim, verde?

    – Verde mesmo, de verdade. E tem mais.

    A sujeito fala bem baixo.

    – E não é só isso. Como, no meu trabalho, passo montando nele, também estou ficando verde! Começou pelas pernas e está subindo…

    O veterinário está perplexo.

    – Nunca vi disso. O senhor pode chegar aqui com ele?

    – Bem…não. Eu preferia que vocês viessem aqui. Estou com vergonha…

    – Nesse caso, vou aí agora mesmo. Seu endereço e nome, por favor?

    – Claro. É na Praça da Alfândega, no centro. Meu nome é marechal Deodoro da Fonseca.

    O veterinário joga o telefone contra a parede. Trote depois de formado é dose.

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  • Divisão à brasileira

    Publicado por: • 5 mar • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O Brasil se divide entre os que estão no Serasa e os que não estão. Cheguei a essa conclusão depois de ver não uma, mas duas enormes filas em cada lado do caminhão da Serasa estacionado no Centro de Porto Alegre, no Largo Glênio Peres. A imagem mostra uma delas, que chegou a encostar no Mercado Público. Na outra ponta, a multidão fazia a volta no antigo abrigo dos bondes até encostar no posto da Brigada Militar. A entidade toca um feirão para renegociar as dívidas dos consumidores. E olha que pode negociar também pelo aplicativo.

    CODELOCO!

    Como diz o pessoal da Fronteira Oeste. Era gente que não acabava mais. Eu não sei como funciona em outros países, mas gostaria de ver a reação de um economista ou empresário europeu ou americano ao ver a cena. Acho que todos eles tem seu SPC, mas filas físicas para renegociar, sei não.

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    OS MANSOS

    Como eu gosto muito de observar o comportamento e a linguagem corporal das pessoas em situações como essa, dei-me ao trabalho de caminhar bem próximo aos conformados – e pacientes – devedores. Não vi nenhum sinal de revolta ou raiva, pelo menos não explicitamente. Vi mais é esperança em voltar a ser uma pessoa normal capaz de fazer compras sem o temor da recusa por estar fichado.

    FILA ALEMÃ

    O Brasil não tem exclusividade em filas. É uma instituição mundial. Quase no final da II Guerra Mundial, já perto de maio, os alemães faziam fila quando encontravam alguma coisa aberta, como padarias, enquanto tiros de canhão dos tanques enchiam as ruas de crateras. Tem que ser alemão para enfrentar essa situação.

    FILA POR DECRETO

    Em meados dos anos 1970, quando eu mourejava na Folha da Manhã, o historiador Francisco Riopardense de Macedo me contou que as filas no Brasil foram criadas ou reguladas por decreto do governo Getúlio Vargas. Nunca conferi, mas deve ser verdade. Se bem que está mais para alemão que para brasileiro.

    FILA POLITICAMENTE INCORRETA

    Para que fique registrado nos anais da História, em décadas passadas, o gaúcho não falava fila, falava bicha. Nunca soube o motivo.

    CAUSO VAI, CAUSO VEM…

    …o professor e historiador Francisco Riopardense de Macedo, me fez ficar vermelho naqueles anos 70. Frequentávamos o Bar Pelotense, na rua Riachuelo. Ele morava em frente, e conversávamos com frequência. Certa vez, ele se queixou que a Folha da Manhã nunca tinha publicado uma entrevista sua. Como eu era pauteiro da Folhinha, elaborei uma pauta para que a Editoria de Cultura entrevistasse o historiador. Alguns dias depois um repórter novato o procurou.

    Estava eu adentrando o sagrado recinto quando o professor veio na minha direção com o jornal amassado na mão. Estava possesso. Com seu português castiço e impecável – chamava todo mundo de senhor, não importando a idade – apontou o dedo na minha cara.

    – Fique o senhor sabendo que o repórter do seu jornal escreveu meu nome três vezes e em todas elas escreveu errado!

    Matou a cobra e mostrou o pau. De fato, uma vez estava grafado professor Riograndino de Macedo, de outra Rio-Pardense de Macedo e, na terceira, Riopardense Machado.

    Dei razão à sua fúria. Se eu encontrasse o repórter naquele momento eu o mataria. E seria absolvido.

    PENSAMENTO DO DIAS

    Só acredito em coronavírus se o Coelho de Páscoa vier com máscara.

    Publicado por: 2 comentários em Divisão à brasileira

  • Nunca encontrei companhia tão amigável quanto a solidão.

    • Poeta inglês Joseph Addison •