O tempo que mata

9 maio • A Vida como ela foiNenhum comentário em O tempo que mata

O que resta depois de uma certa idade? Lembranças, essa parte guardada na nossa memória que costuma ser paradoxal.

Os fatos alegres do passado não nos alegram hoje. Mas os ruins voltam a doer como doeram  nos velhos tempos. O que pode acontecer é desencadear sorrisos tímidos e fugazes, na melhor das hipóteses.   

Tenho uma amiga na Alemanha, que saiu do Brasil há 50 anos. Falamo-nos pelo WhatsApp.

Dançamos nos mesmos bailes, nas mesmas reuniões dançantes, vimos as mesmas paisagens, tivemos os mesmos amigos e amigas, sentimos os mesmos cheiros até dos perfumes da época. Rimos muito e choramos quando Aquela Que Nunca Falha levou alguém das nossas relações.  

Passadas todas estas décadas continuamos a reviver instantes fugazes de quase namoro. Lembramos dos nossos pais, dos verões tórridos e dos invernos inclementes. Botamos a conversa em dia, falamos do hoje.

Mas no fim da conversa, fica uma sensação que queremos de volta o tempo passado, mesmo sabendo que isso é impossível. Quando falamos do presente, somos quase estranhos.

O tempo não só nos rouba a mocidade, também nos rouba a esperança.  Felizes dos que não têm memória passada.

https://www.brde.com.br/

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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