O bonde reversível

6 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em O bonde reversível

A imagem postada por Valesca Petersen é do início dos anos 1960, e mostra os bondes na rua Riachuelo, centro de Porto Alegre. Como eles eram largos, e a rua estreita, quando um passava pelo outro tiravam “um fininho”.

Na esquina da Riachuelo com a Borges de Medeiros, havia a troca das tripulações, bem em frente à Padaria Paris, que existe até hoje. Os bondes tinham quatro entradas, duas de cada lado. Nenhuma com porta. Apesar da moleza, eram relativamente poucos os que escapavam do cobrador.   

A marcação das entradas-saídas era no olho, com um relógio que era acionado para cada pagante. Às vezes, a Carris desconfiava de súbitas mudanças no fluxo de passageiros, então um furgão ia atrás do bonde para contar quem entrava e saía. Só que o cobrador e o motorneiro a reconheciam de cara.

Quando chegava o fim de linha, os encostos dos bancos de madeira eram puxados para o sentido contrário, ou seja, reversíveis para entrar na linha de volta. O motorneiro tinha dois painéis, um em cada ponta, que se resumiam ao acelerador manual. O acionamento dos freios era por ar comprimido e alavanca horizontal. Já o freio de emergência, uma roda que tinha que ser girada manualmente.

Quando faltava energia – e como faltava –  era virada até travar o bicho, isso se os tanques de ar pressurizado não aguentassem a barra e esvaziassem.   Todos que viajaram neles têm saudades, embora fizessem um barulhão danado.

Quamdo morei na Duque de Caxias 533, no Alto da Bronze, o primeiro bonde da manhã era meu despertador. No fim dos anos 1960 início dos anos 1970, um grupo de pândegos sequestrou um bonde na frente da Padaria Paris. Mas essa já é outra história. 

https://www.brde.com.br/

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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