O sentinela alerta

16 fev • A Vida como ela foiNenhum comentário em O sentinela alerta

Nos idos de 1970, uma ruidosa turma se reunia em um não menos ruidoso bar do Centro Histórico da Capital. Eram tempos em que os admiradores de uísque, bebida preferencial na época, começavam os trabalhos já no meio-dia. Alguns faziam hora extra e estendiam o expediente até o meio da tarde. Era o caso de um comerciante possuidor de loja na Azenha.

    Ele tocava o negócio com sua esposa, de notável formosura, como diziam os colegas da roda que a conheciam. Nosso amigo ficava todo gabola. Uma bela mulher em casa, uma substituta na sua ausência do negócio, o que mais um homem pode querer da vida? Assim que ele adentrava o bar, um gajo conhecido como Baiano ficava de pé, junto ao balcão. Baixinho e franzino, fazia pequenos serviços para a roda, como pagar carnês, pagar contas em banco, essas chatices com filas.

    Assim que o comerciante se levantava para ir embora, Baiano também encerrava o expediente. Tinha faturado uns trocados, então ele também ia molhar as ideias. Também era filho de Deus, repetia. Assim transcorria a vida. Até que, certo dia, o Baiano não apareceu na hora de costume. Levou bons dias para reaparecer, um tanto acabrunhado. O comerciante perguntou o motivo da falta ao trabalho.

         – Eu ganhava um bom dinheirinho do seu sócio, doutor. Mas ele me avisou que não precisava mais dos meus serviços.

          – Mas que sócio? Eu não tenho sócio! E que serviço era esse?

          – Ué! Ele me pagava para ligar pra ele assim que o doutor chegasse e saísse do bar.

    Deu um frio na espinha do doutor.

           – Mas que história é essa? Como é o nome do meu sócio que não existe?

    O Baiano ficou encabulado..

           – Ele falou que o nome dele era Ricardo. Mas que podia chamá-lo de Ricardão.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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