O Ministério da Dúvida
O Barão sabia das coisas
Formulador da separação e independência dos três poderes, o Barão de Montesquieu escreveu em 1721, Cartas Persas, obra fascinante até hoje. A folhas tantas, ele afirma que, se um júri condena ou absolve alguém com uma só voz divergente nele, Montesquieu, tende a acreditar que essa voz solitária tem razão. Tem que ser entendido como conceito, não verdade absoluta.
A burrice como meta
O mundo deu muitas voltinhas desde então, mas o velho e bom barão foi O Cara. Portanto, prestem atenção no que diz o Joãozinho do Passo Certo. Interessante como certos conceitos se transmutam em outros, mas dizendo a mesma coisa. Ligue Montesquieu ao nosso Nelson Rodrigues e sua máxima “toda a unanimidade é burra”. Que coisa, não?
Com William Shakespeare se dá a mesma coisa. Fenomenal leitor da alma humana, situações e textos ganham nova roupagem vernacular para dizer a mesma coisa.
Filósofos de maresia
No tempo presente, cá no Sul, algum filósofo de maresia inventou de mudar a consagrada definição salva-vidas para guarda-vidas. Grande bosta. Se alguém perguntar aos entusiastas da nova definição qual a diferença entre uma e outra, levará um tempão para justificar a mudança. Mais ou menos o tempo que um salva ou guarda-vidas leva para tirar da água alguém que está se afogando.
Exercício de amnésia
Todo presidente, governador ou prefeito muda o nome das pastas assim que assume. Geralmente, adiciona termos pomposos em tal quantidade que, duas ou três palavras depois, já se esquece a primeira.
Assim como no Carnaval, o poder público vive de fantasias.
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