O fato e a versão

14 jun • NotasNenhum comentário em O fato e a versão

Atribui-se ao político mineiro José Maria Alckimin (nada a ver com o ex-governador de SP) a frase que a versão interessa mais que o fato. Você vê isso a toda hora no dia a dia. Um bom exemplo são os debates eleitorais, que, à exceção do último antes da eleição, são vistos por um mínimo de telespectadores. Mas quem viu, especialmente a mídia impressa, conta sua versão do debate, quem ganhou, quem perdeu. A real mesmo, o fato, é ignorado porque hoje até a mídia tradicional escreve ou fala com o fígado.

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Conversa de bar

Só que a parte da população que é formadora de opinião não atinge o que eufemisticamente chamamos de povo, esse Ser tão invocado e tão mal-entendido porque com ele não se tem nenhuma intimidade prática. Não bebem cachaça e comem PF em boteco pé-sujo.

Por isso é que os bons cabos eleitorais valem ouro. São bons precisamente por não lhes faltar conversa de bar. E também por este motivo é que frequentemente as pesquisas dão com os burros n’ água. Modelos matemáticos são cada vez mais aprimorados, mas ainda não sabem detectar quando o vento passa a ser Norte E ou norte. Olhem o E.

Quem sou eu?

Com Jair Bolsonaro e seus atos acontece o mesmo. Aparentemente a versão dá conta que ele é indisciplinado, maluco e por aí afora. No entanto, o fato é outro, é jogada ensaiada. Nem vou entrar no mérito da questão, mesmo que seja a favor de usá-la, apenas registro que, ao pretender a abolição da máscara, ele vai ao encontro do desejo da multidão. E arrostar o status quo também agrada o povo que pensamos entender, mas não entendemos.

A jogada do Capitão

É administrar o tempo até chegar o ano da eleição. Existe um enorme SE, mas se a vacina derrubar o vírus, se a economia continuar crescendo e se o desemprego cair,  é o cenário que ele quer para enfrentar Lula. Isso mais o fundo de emergência que vai inchar, assim como Lula e Dilma Rousseff incharam.

Inimigo meu

Por incrível que possa parecer, o maior inimigo de Jair Bolsonaro em 2022 não será Lula, mas um nome conhecido e experiente chamado Terceira Via – que ainda não se sabe quem é. Não se pode esquecer que Lula tem grande rejeição, e caso ele e o Capitão disputem o segundo turno o eleitorado antiesquerda e especialmente antiLula, vai com tudo a favor de Bolsonaro como em 2018.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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