As folhas do passado
Por que alguém guarda livros antigos incluindo os escolares, como é meu caso? Pelo simples motivo de serem pedaços de mim dos tempos verdes.
Perdê-los ou jogá-los fora é como apagar a infância e juventude. Cada página, cada capítulo de obras lidas e relidas, algumas dezenas de vezes, é como subtrair o equivalente da sua idade, mas sem retornar aqueles gloriosos tempos.
Coleção Terra Mar e Ar, Karl May, Edgar Rice Burroughs, Machado de Assis, Monteiro Lobato e sua Emília no País da Gramática. E até mesmo os livros de Latim, a série Lis Primus até o Quartus e tantos outros sem falar em Balzac, Simenon, Eça e montanhas de clássicos, são fiéis depositários da minha vida.
Podem estar em algum canto escuro, mas estão lá. Gostaria de os ler de novo, mas falta-me coragem e tenho temor de encontrá-los corroídos pelas traças.
Nossa vida passada é um conjunto de folhas, no final das contas.