O enterro do anão
Político de longeva carreira – atualmente aposentado – contou que, entre os inúmeros causos pitorescos, um se destaca. Envolve o enterro numa comunidade distante, ligada por estrada de terra ao perímetro urbano.
O evento? O enterro de um anão – pessoa verticalmente prejudicada, no politicamente correto – bastante conhecido na localidade.
Apesar da agenda apertada, nosso amigo precisava se fazer presente e lá se foi. Chovia a cântaros no meio da tarde, quando o velório se encaminhava para o fim e iriam iniciar o cortejo até o cemitério.
As homenagens ao anão começaram cedo. Àquela altura do campeonato, boa parte dos presentes já havia espantado o frio com goles de pinga escamoteados na cozinha da capela mortuária.
Fechado o caixão, seis amigos se prontificaram a carregar o finado. Já na metade do caminho para o cemitério instalou-se o pânico:
– O anão tá vivo, ele se mexeu! – berrou um borracho para instalar o pânico na multidão que se dispersou.
A calma só se restabeleceu quando um vereador com chapéu de palha, paletó surrado e óbvios sinais de embriaguez bradou:
– Calma pessoal! O anão tá mortinho, eu mesmo conferi. O problema é que vocês compraram um caixão normal, e o falecido é pequenino e fica sacudindo pra lá… e pra cá!
Também tem o causo do cachorro no enterro da sogra do dono. Mas essa já é outra história.