O desaparecimento do capricho

15 dez • NotasNenhum comentário em O desaparecimento do capricho

Foto: Léo Guerreiro

Foto: Léo Guerreiro

Em algum ponto entre o final da década de 1960 o capricho pela coisa pública desapareceu, e com ele profissões como calceteiro. Olhem a beleza do calçamento da Rua dos Andradas, Centro de Porto Alegre, e olhem hoje (foto abaixo). Cada cabo, cada cano, cada fibra ótica que foi colocada destruiu irremediavelmente o caprichoso desenho dos paralelepípedos. Agora olhem o calçamento nos documentários de cidades europeias com 700, 800 ou até 1.500 anos, incluindo o Leste Europeu. É de chorar a comparação.

Rua da Praia com o calcamento destruído pela falta de capricho

Os esticadinhos

A tradicional cirurgia plástica não escapou de ser rebatizada por nomes pretensamente glamourosos, mas que no fundo são mais do mesmo. Esticamentos faciais já foram chamados de lifting, mas o ator Sérgio Malandro fez “harmonização da face”, por exemplo. Imagino que lipoaspiração, que carrega a fama de ter provocado mortes, deveria se chamar “harmonização ventral”.

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Em todo o caso o nome não interessa, interessa é o efeito. Algumas dondocas tiveram a pele do rosto tão esticada que,  ao sorrir, levantavam involuntariamente uma das pernas quando sentadas.

https://cnabrasil.org.br/senar

Plástica perfeita é aquela que amigas ou amigos passam por você e dizem “Você está diferente, rejuvenesceu”.

É do peru!

Coitado do peru. Outro dia, recebi uma foto onde apareciam esta ave e uma galinha olhando para ele dizendo: “Feliz Natal!”.

A resposta do peru: “Vai pro raio que te parta!”

A bem da verdade, não se ouve mais falar que alguém ainda faça o peru beber álcool à força para melhorar o sabor da carne, como diz a lenda urbana. Talvez devido ao preço da bebida alc0ólica. Em todo o caso, entenderia se antes de ser passado na faca o peru dissesse para sua algoz “pelo menos me dá um traguinho para acalmar os nervos”.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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