Cresça e desapareça 

26 jul • NotasNenhum comentário em Cresça e desapareça 

Os grandes jornais registraram queda de 27,1% na circulação impressa. Já na versão virtual até que não foram mal, registrando índices positivos, 5,5% em média. Observem que é apenas uma parte menor dos leitores perdidos. O Globo é o maior jornal do Brasil, com tiragem somada (impressa mais digital) média de 377 mil. Os dados são do site Poder360 com números do Instituto Verificador de Circulação ( IVC). Importante assinalar que alguns jornais não assinam o IVC.

https://cnabrasil.org.br/senarA tendência de queda nos impressos começou há cinco anos, coincidentemente com o avanço das versões digitais. Por mais que nós veteranos preferimos impresso, é forçoso reconhecer que o virtual é o futuro. Na minha opinião, os impressos terão que ser analíticos, revistas quase, mas com menor tiragem.

Leitores fatiados

A questão é saber os nichos, em quais faixas etárias, sociais e econômicas se concentram os leitores do velho e bom jornal, e quais camadas deixaram de ler alguns jornais pelo excesso de pauladas diárias no governo, não necessariamente adeptos de Bolsonaro. Em resumo, quais e quantos são os rebeldes.

https://mla.bs/f633fc52

Na UTI

Desses números do Poder360/IVC podemos extrair algumas  certezas, como as expostas acima. E como fui nascido, criado e trabalhado no jornais de papel e tinta, fico penalizado. Um grande e velho amigo vai morrendo.

Nasce e morre

Nos anos áureos, uma das máximas inesquecíveis da profissão era que não existe nada mais velho do que o jornal de ontem: com as versões digitais atualizando as informações várias vezes por dia, não existe nada mais velho do que o jornal de hoje. Parágrafo único: desconsiderando os que os leem mastigando as frases pelo prazer de ler.

A soberba das Marias

A grande e irrespondível pergunta é quantos leitores a mais teríamos se os periódicos oferecessem o que as pessoas gostariam de ler além do Maria vai com as outras.

Enquanto isso, nos Esteites…

O New York Times está aprimorando a pronta divulgação de eventos não programados, as últimas; e capricha mais nos programados, como as Olimpíadas e eleições, eventos conhecidos por aumentar o tráfego de leitores. Interessante observar que os caras que cuidam desse sistema na retaguarda são engenheiros e não jornalistas.

O último encontro

Na segunda metade dos anos 1960, tínhamos uma fiel roda no bar Stylo, na esquina da Independência com a Garibaldi, hoje loja Panvel. Varávamos noites surfando ondas de alegria e camaradagem. Pois sábado tivemos a triste notícia de uma baixa, o psiquiatra Luís Antônio Ortiz Martins, vitima de câncer. Que dia ruim

É para ver como são as coisas. Da última que o vi, na esquina da Ramiro com a Independência, faz duas semanas, despedi-me dizendo como foi bom tê-lo encontrado. Já indo embora, ele me disse a mesma frase. Deve ter falecido um dia ou dias depois.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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