O cliente é um estorvo
Parece ser esse o conceito de muitas casas de gastronomia em Porto Alegre, itens destinados a outros ramos do comércio. Ouvi relatos de assombrar o atendimento recebido.
Uma jornalista foi a uma loja de roupas femininas na Cidade Baixa, que está com promoções de até 70%. Mal tocou numa peça de que gostara quando, lá de trás, uma balconista grita, na frente de outros clientes:
– Essa não está com 70% de desconto, viu?
Em outra situação, a cliente entrou na loja e solicitou um produto. A vendedora respondeu, olhando-a dos pés à cabeça:
– Tem, mas é muito caro.
Como se ela estivesse coberta de andrajos ou tivesse cara de morador de rua. O que não era absolutamente o caso. Felizmente, a dona da loja foi receptiva à reclamação da quase ex-cliente e a presenteou com um mimo.
O fim está próximo
Seja por relatos, seja por experiência própria, fico assombrado como caiu a qualidade dos restaurantes. Um casal foi na outrora excelente Churrascaria Giovanaz, na Cidade Baixa. Ficou ofendido com o tratamento recebido.
A começar pela espera por uma mesa. Como eram quatro e um foi estacionar o carro, o atendente não permitiu que eles ocupassem a mesa aguardando o amigo, o que levaria questão de minutos. Tiveram que voltar para o fim da fila.
Além do mais, a turma se queixou que o garçom meio que atirou as peças de carne na mesa.
Eu sei o que é isso, é a síndrome da casa cheia, em que perder clientes é compensada pelo farto movimento. É uma coisa bem nossa. Não é ou foi só na churrascaria em questão.
Mas vejam como são as coisas: quando os donos são uruguaios ou de outros países, o atendimento é melhor que os nacionais. Sem falar na redução de porções e perda de qualidade.
Certa vez – já comentei o caso – fui mal atendido pelos caixas de uma grande rede de varejo, onde fui pagar conta de familiar. Perguntei ao CEO da casa se não dava para ter funcionários melhores. Ele ironizou.
– E existem?
Pernas de pau
Você pode argumentar que os salários são tão baixos que os empregados descontam na freguesia. Bem, desde os anos 1990, tenho firme convicção que posso resumir, usando um jogador de futebol: por mais que um perna de pau ganhe bem, não vai transformá-lo em craque.
Para dormir tranquilo em Porto Alegre precisa ter proteção até em andar alto.