O CAUSO COMO O CAUSO FOI
Por que eu acredito mais em lobisomem do que em redação de jornal? Conto agora.
A AGONIA DE UM JORNAL
Em junho de 1984 o vetusto Correio do Povo original, da Caldas Júnior de Breno Caldas, Porto Alegre, parou de circular, gatilho para o desmoronamento total do império de Breno Caldas, incluindo 10 mil hectares de campos de primeira qualidade a 30 Km de Porto Alegre, em Viamão. Sabia-se que o grupo estava mal, mas não que seria em breve o desenlace – hoje, o jornal antes standard e agora tabloide é da Record.
O FALECIMENTO DE UM JORNAL
Um dia antes do dia fatídico, estava eu em um almoço da ADVB, sentado ao lado de um pecuarista que era bom de papo, melhor em contar causos e pouco dado à leitura. Ele puxou meu braço e disse que aquele dia era o último do jornal que circulou ininterruptamente por 89 anos.
Quando cheguei na redação de Zero Hora – eu escrevi o Informe Especial (Página 3) naquela década – fui direto na chefia dar a notícia que, achava eu, todo mundo já deveria saber. Não sabiam. Horas depois, veio a confirmação que o Correião estava kaput.
INTERVALO DE DESCONFIANÇA
Quem melhor se programou para o desenlace do CP foi o diretor comercial da Zero Hora, o Madruga Duarte. Ele já tinha até um cálculo para saber o aumento do faturamento via anúncios fúnebres, que normalmente saíam apenas no Correio.
PRIMEIRA MORAL DA HISTÓRIA
Escrevo tudo isso para repetir uma convicção que tenho desde aquela época: o lugar mais mal informado de uma cidade é a redação do jornal. Entendam que é um conceito.
SEGUNDA MORAL DA HISTÓRIA
E por que digo isso? Na semana passada, boa parte e até a maior parte dos emitentes de opinião colocaram em dúvida o sucesso das manifestações pró-Bolsonaro. Em boa parte notava-se claramente a torcida para que o Capitão desse com os burros n’água. E ele acreditou. Tanto que orientou seus ministros a não comparecer nos atos. Ontem, era comum ler matérias tipo “é, foi muita gente, mas…”isso ou aquilo.
DESEJO E REALIDADE
Depreende-se que o sucesso das manifestações foi ruim para Bolsonaro. E mais uma vez digo que o lugar mais mal informado é redação de jornal. Ou, em versão mais amena, nunca confunda desejo com realidade. Costuma dar errado em 100% dos casos.
A FOTO DO FATO
No encontro dos governadores de diversos estados (Cosud), no sábado em Gramado, os diretores do BRDE conversaram com o presidente do BNDES, Joaquim Levy. Na abertura do evento, Levy citou o BRDE como banco parceiro. Na foto, estão Vicente Bogo, secretário do Codesul-RS, Levy, Luiz Noronha, vice-presidente do BRDE, e Wilson Lipski, diretor de Operações do banco, do Paraná.