O chope do Cacique

29 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em O chope do Cacique

Devagar, não é um índio. É o Cine Teatro Cacique, que ficava na Rua da Praia perto da Caldas Júnior, hoje um Zaffari.

Nos gloriosos anos 1960, ele só passava filmes bala, tinha capacidade para duas mil pessoas. Nas laterais, no enorme pé direito, havia pinturas de Glaucia Saraiva retratando um índio charrua, aliás nome da empresa cinematográfica.

Na inauguração, em 1958, houve show com uma cantora de ópera peruana chamada Yma Sumac, que alcançava sete oitavas, um fenômeno musical,  não cheguei a ver, era piá na época.   

O chope do Cacique? Na época,  o copo padrão era o boca larga de alto a baixo de 300ml, o que fazia o colarinho desaparecer rapidamente. O bar, que ficava na sobreloja, servia cerveja nos copos largos em cima e afunilando no pé de 210 mil, os espertinhos. O colarinho durava barbaridade, achávamos que era por causa do formato.   

Não era. Quando o garçom trazia o copo dava para ver que sempre havia um pouco de água no fundo, duas ou três gotas. E era de propósito. Quase torturei o barman para saber dele qual era a moral.   

Simples. A gordura dos lábios vai dissolvendo a espuma e as gotas eram de água e açúcar, que retardam o efeito e até cria mais espuma. Funcionava mais com as mulheres, porque, na época, os batons eram gordurosos.    

Não sei se hoje ainda é assim. Eu não uso batom.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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