O cheque do deputado
Contam que um político gaúcho dos anos 1980 conhecido não só por não meter a mão em cumbuca e evitar ao máximo se comprometer, mesmo em causas justas, mas também pela cara de pau, recebeu em seu gabinete na Assembleia Legislativa uma voluntária de entidade beneficente que pediu um dinheiro para a entidade. O tal deputado disse que sim, sem problemas, e sacou o talão de cheques e assinou um com R$ 50 mil.
Mas ele usava a fórmula do político corrupto Justo Veríssimo, personagem do Chico Anysio. Ao entregar o cheque a alertou que não queria nada em seu nome, que não queria ser reconhecido pela benemerência.
A moça ficou encantada com o desprendimento do deputado. Afinal era uma pessoa que praticava a doação mais sincera que existe, o anonimato.
No entanto, ao ler o cheque verificou que faltava a assinatura do emitente.
– Deputado…desculpa… Acho que o senhor esqueceu de assinar o cheque!
O Justo gaudério ergueu o dedo indicador e o balançou como se fosse um limpador de parabrisa.
– Não esqueci não, minha filha. Como lhe falei, não quero nada no meu nome.