O cemitério feliz

17 jan • Sem categoriaNenhum comentário em O cemitério feliz

Bem que nos tempos da União Soviética os títeres comunistas tentaram destruir a cultura, a religião e o folclore dos países da região dos Balcãs e dos montes Cárpatos. Mas, felizmente, não conseguiram de todo.

Países como a Lituânia, Sérvia e outros comeram o pão que o diabo amassou, curtindo invernos rigorosos, comida de menos e ordens demais. Um dos países mais notáveis é a Romênia, que ressurgiu das cinzas após a ditadura de 1945 a 1989, quando a URSS implodiu de podre. Romênia, por sinal, tem origem romana e leves traços de latim na língua.

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Um dos mais fascinantes monumentos a céu aberto é conhecido como Cemitério Feliz. E faz jus ao nome. São 700 sepulturas de moradores da região com lápides ricamente coloridas, com pinturas dos finados, profissão, momentos felizes, frases marcantes deles ou dos epitáfios.

Em um deles, para que se tenha uma ideia do espírito da coisa, diz “Aqui está enterrada minha sogra. Não tente ressuscitá-la”. O artista que coloria os túmulos e fazia as lápides morreu há alguns anos. Mas a tradição permanece.

Os anônimos esquecidos

Sempre fui fascinado por cemitérios, até porque um dia vou morar em um. Mas, sem pressa, devo dizer.

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E, entre eles, os pequenos e esquecidos cemitérios do interior dos interiores, túmulos cobertos por vegetação, letras apagadas, nascimentos e mortes registrados no século XIX ou início do século XX. Fico pensando quem foram, como viveram e morreram, o que fizeram na vida.

Que profissões tiveram? Revoluções de que participaram, a dura vida onde a expectativa de viver não passava muito dos 40 anos. Além disso, a mortalidade infantil era medonha.

Na região da colonização alemã, irmãos eram batizados com o mesmo nome, como registrou o excelente e inigualável historiador Moacyr Flores. A exemplo de João Schneider.

Motivo: um deles fatalmente morreria na tenra idade. Quer coisas mais tristes do que isso?

Da gritaria à serenidade

Nos cemitérios católicos não há bom humor. Enquanto nos luteranos não existe essa choradeira e rasgar de vestes.

Senti isso na pele porque, até os 10 anos, morei em casa ao lado de um cemitério luterano – meus pais eram católicos. E me chamava atenção a diferença entre os enterros dos protestantes e dos católicos, um quilômetro acima.

No católico era uma choradeira só. Já nos luteranos a emoção era mais contida, fruto da certeza de que era apenas uma passagem.

Não quero ser cremado. Vai que essa história de “ressurreição dos mortos” de que fala a Bíblia seja verdade. Se for cremado e chamaram meu nome, vou gritar dentro de uma urna “Estou aqui, mas fui queimado!”.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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