O beijo de dona Iara
Iara Fátima Rufino, 65 anos é a proprietária da Cafeteria e Sorveteria Beijo Frio, no segundo piso do Mercado Público. A história começou nos anos 1990, quando um grupo de mulheres negras da Zona Norte resolveu se juntar para buscar o próprio sustento.
Quem deu a maior força e acelerou o processo foi o então secretário da Indústria e Comércio Idenir Cecchim, hoje presidente da colenda. A vontade de vencer de dona Iara fez o resto.
Rir é o melhor remédio
Gosto de pensar que, no futuro, vamos rir de tudo isso. Me engano, mas eu gosto. Vamos rir das campanhas eleitorais e das briguinhas de adolescente travadas por candidatos. Aquele é tua mãe, não é a tua, vou chamar meu irmão mais velho.
Na política, assim como nos negócios, a sinceridade só existe quando é para ferrar com o adversário ou ganhar dinheiro. O que move o mundo é a mentira.
Sem ela, a civilização terminaria em menos de 24 horas. A mentira é essencial para a vida, para a família, para os governos, para a religião e até para as relações amorosas. É um arquétipo, até filme já fizeram sobre o tema, com o ator Jim Carey.
Querem assustar uma criança? Diga para ela como foi que plantaram a tal sementinha, inclusive com detalhes e trilha sonora do ato. Mentiras podem ser piedosas e necessárias.
Perca seu emprego, fale a verdade
Casamentos não seriam consumados não fosse a mentira. Negócios implodiram se não fosse ela.
A História é contada como ela não é. Você não mente um pouquinho para seu analista? Ou para a mulher? Não? Mentiroso.
Mentimos até e principalmente para o Imposto de Renda, o que muitos achariam ser uma causa justa. Nos necrológios publicados nos jornais não veríamos que o falecido era “pai amoroso, esposo exemplar”. Seria o inverso, “era pulador de cerca, patife nos negócios” e por aí afora.
Imagina a vida sem a mendácia. Até institutos de pesquisa quebrariam sem ela. A mentira, inclusive, protege seu emprego. Imagina a cena: você entrando na sala do patrão e dizendo o que acha dele de verdade.
O velho e bom Machado de Assis criou a frase definitiva sobre os mortos ruins que viraram bons depois da morte: “Está morto, podemos falar bem dele à vontade.” Na mosca, doutor Machado. O senhor sabia das coisas.
Doctor Samuel
Um sábio do século XVIII, Doctor Samuel Johnson, criou uma frase maravilhosa que vale para hoje e sempre: O patriotismo é o último refúgio dos patifes. Patifes, ou canalhas pegos com a boca na botija, sempre dão a desculpa fiz isso pelo meu país, ou time, ou empresa.
E chorando de verdade, o que é pior. Vemos isso tanto na reportagem policial quanto na política. É uma mentira grosseira com o véu transparente da verdade molhada com lágrimas de crocodilo.