O beijo de dona Iara

15 set • NotasNenhum comentário em O beijo de dona Iara

Foto: Elson Sempé Pedroso

Iara Fátima Rufino, 65 anos é a proprietária da Cafeteria e Sorveteria Beijo Frio, no segundo piso do Mercado Público. A história começou nos anos 1990, quando um grupo de mulheres negras da Zona Norte resolveu se juntar para buscar o próprio sustento.

Quem deu a maior força e acelerou o processo foi o então secretário da Indústria e Comércio Idenir Cecchim, hoje presidente da colenda. A vontade de vencer de dona Iara fez o resto.

Rir é o melhor remédio

Gosto de pensar que, no futuro, vamos rir de tudo isso. Me engano, mas eu gosto. Vamos rir das campanhas eleitorais e das briguinhas de adolescente travadas por candidatos. Aquele é tua mãe, não é a tua, vou chamar meu irmão mais velho.

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Na política, assim como nos negócios, a sinceridade só existe quando é para ferrar com o adversário ou ganhar dinheiro. O que move o mundo é a mentira.

Sem ela, a civilização terminaria em menos de 24 horas. A mentira é essencial para a vida, para a família, para os governos, para a religião e até para as relações amorosas. É um arquétipo, até filme já fizeram sobre o tema, com o ator Jim Carey.

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Querem assustar uma criança? Diga para ela como foi que plantaram a tal sementinha, inclusive com detalhes e trilha sonora do ato. Mentiras podem ser piedosas e necessárias.

Perca seu emprego, fale a verdade

Casamentos não seriam consumados não fosse a mentira. Negócios implodiram se não fosse ela. 

A História é contada como ela não é. Você não mente um pouquinho para seu analista? Ou para a mulher? Não? Mentiroso.

Mentimos até e principalmente para o Imposto de Renda, o que muitos achariam ser uma causa justa. Nos necrológios publicados nos jornais não veríamos que o falecido era “pai amoroso, esposo exemplar”. Seria o inverso, “era pulador de cerca, patife nos negócios” e por aí afora.

Imagina a vida sem a mendácia. Até institutos de pesquisa quebrariam sem ela. A mentira, inclusive, protege seu emprego. Imagina a cena: você entrando na sala do patrão e dizendo o que acha dele de verdade.

O velho e bom Machado de Assis criou a frase definitiva sobre os mortos ruins que viraram bons depois da morte: “Está morto, podemos falar bem dele à vontade.” Na mosca, doutor Machado. O senhor sabia das coisas.

Doctor Samuel

Um sábio do século XVIII, Doctor Samuel Johnson, criou uma frase maravilhosa que vale para hoje e sempre: O patriotismo é o último refúgio dos patifes. Patifes, ou canalhas pegos com a boca na botija, sempre dão a desculpa fiz isso pelo meu país, ou time, ou empresa.

E chorando de verdade, o que é pior. Vemos isso tanto na reportagem policial quanto na política. É uma mentira grosseira com o véu transparente da verdade molhada com lágrimas de crocodilo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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