O barato versão 1960

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A maconha era coisa de chinelão. Chamar alguém de maconheiro liquidava com a autoestima e reputação do usuário.

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Outras drogas, como a cocaína, nem eram faladas em Porto Alegre. Desconhecidas, até. O consumo era baixo e se restringia à algumas boates frequentadas por pessoas ricas e artistas de fora, que aqui chegavam para fazer shows. “Dona Branca” era requisitada só nestas altas rodas.

É do peru

Havia uma lenda urbana que a Coca-Cola continha cocaína. Parece que, na versão original, botavam folhas de coca, as mesmas que indígenas andinos mascam para suportar altitudes extremas.

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Vestibular sem sono

A “droga” mais consumida eram comprimidos de Pervertin e assemelhadas, como Dexamil. Era usada por estudantes para ficar despertos em provas e estudar para o vestibular. Quando misturadas com álcool, causava euforia, euforia no sentido de perder a timidez. O sujeito falava sem parar. Na forma injetável a dependência era certa, e no curto prazo. Usada mais por prostitutas. Causou uma devastação.

O começo

A cocaína foi sintetizada pela farmacêutica Schering, na segunda metade do século XIX, para ser usada como anestésico em algumas partes do corpo humano, como os olhos. Virou remédio usado para problemas pulmonares. Claro que causava dependência. Era vendida livremente nas farmácias até meados dos anos 1950. O consumo era alto nas cidades grandes, especialmente no Rio de Janeiro.

Lembram do filme French Connection, com Gene Hackman? A trama girava em torno de uma “grande” quantidade e cocaína que a polícia procurava – alguns quilos. Hoje, o tráfico dá para as crianças brincar em casa.

O culpado

É o usuário de drogas. Nenhum deles era dependente quando deu a primeira cheirada.

O imobilidade da esquerda

A diferença entre as apreensões de drogas de décadas passadas e as de hoje se mede em toneladas. Nos meus tempos de repórter, final da década de 1960, a então Delegacia de Costumes fazia um barulhão para anunciar que pegou traficante com alguns poucos quilos de maconha.

O Brasil se divide entre a esquerda e a direita. Mas o que diabos significa “esquerda”? De acordo com o crítico T. J. Clark, “esquerda” significa “oposição radical ao capitalismo”. Marx, Engels, Lenin, Adorno, Sartre, Foucault, entre outras dezenas de pensadores e dirigentes políticos, sempre coadunaram com tal premissa.

No entanto, o crítico inglês faz um alerta importante para os tempos atuais: a esquerda está imobilizada na prática e, consequentemente, na teoria. Imobilismo, aqui, não significa derrota eleitoral. Trata-se, sobretudo, de uma ausência de “um programa alternativo de política econômica”.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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