Não pergunte que eu não respondo
Nos anos 1990, Leonel Brizola deu uma entrevista coletiva. Era ano eleitoral e o ex-governador usou e abusou da sua técnica manjada de nunca responder sinteticamente uma pergunta e muito menos ir direto ao ponto. Maioria dos políticos é assim, mas Brizola levou a evasiva à perfeição.
Ocorre que eu conhecia essa manha dele desde os idos de 1960, mesmo antes de entrar no jornalismo. Para dizer a verdade, nada me irrita mais. Desta vez, optei por uma estratégia diferente. Quando chegou minha vez de perguntar, comecei pedindo um favor.
– Governador, antes de fazer a pergunta gostaria de lhe pedir um favor.
– Claro, peça.
– O senhor poderia respondê-la de forma objetiva e clara e não ir de Porto Alegre a Caxias do Sul via Uruguaiana?
Precisavam ver o brilho assassino no olhar dele.