Não tem tu, vai tu mesmo
O aumento do número de estagiários nas empresas brasileiras tem algumas entrelinhas que fazem pensar. Mas eu não me surpreendo.
De acordo com dados do Banco Nacional de Empregos, o número de vagas abertas passou de 5.934 em 2022 para 9.851 em 2023. Por si só, não é lá grande coisa. Mas o que fica subjacente é o que está por trás, no que podemos chamar de juvenilização. Inclusive nas empresas jornalísticas.
O bom, o ruim e o caro
A maldita pandemia acentuou uma tendência que teve começo com as diversas crises (êta palavra banalizada!), quando era preciso manter a produção e baixar os custos de qualquer maneira. O fator humano pesa muito nos custos.
O estagiário bom é promovido. Mas a maior parte não é do ramo. Dependendo da empresa, custa a partir de meio salário mínimo. Já vi companhias como a Gessy Lever pagar cinco salários mínimos. Ocorre que é caso isolado, e o estagiário não substitui o veterano.
É sair do atoleiro agora e entrar num mais profundo depois. A qualidade do produto ou do serviço nunca será a mesma. Felizmente, parte das companhias entende essa falsa vantagem, a de pagar menos para perder mais. Não é a regra.
O equilíbrio é rompido a tal ponto que, em algumas, o número de jovens inexperientes é maior que o dos veteranos experientes. Aí a questão já não é mais custosa. É a cultura de que velho está obsoleto, que é um estorvo, ao contrário de países mais avançados, especialmente os orientais.
É uma coisa bem nossa, bem latina, bem de acordo com a mentalidade tacanha de ver o futuro dividido entre receita e despesa. E deu.
O cordão dos puxa-sacos
Qual o melhor assessor que um parlamentar pode ter? Um que não goste do patrão ou de seu pensamento político. O pior é que concorda com tudo, e transforma-se no maior puxa-saco do mundo. O “inimigo”, digamos assim, vai dar a real para seu deputado ou senador.
Há um pequeno problema na tese: vá dizer isso a um político brasileiro. Em quase 100% dos casos, ele prefere uma alisada hipócrita que uma admoestação verdadeira.