Mundo cruel

2 maio • NotasNenhum comentário em Mundo cruel

Em meados dos anos 1960, os editores da reportagem policial dos seis jornais diários de Porto Alegre fizeram um acordo de cavalheiros, não noticiar mais suicídios. O local mais comum era se jogar do alto do viaduto da Borges de Medeiros.

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ENTRE 2 E 8 DE MAIO

Passado algum tempo, houve uma redução drástica no número de casos. O acordo foi religiosamente cumprido.

Quando fui repórter da área policial de Zero Hora de madrugada, entre 1968 e 1969, compareci a muitos desses casos. Mas deixava de cobrir o fato logo que a autoridade policial (ou eu mesmo)  chegasse à conclusão de que era suicídio. Quando a pessoa era muito conhecida, apenas deixava um recado para a chefia. E Zé fini,

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Essa tragédia do pai que matou quatro pessoas da família e depois se matou,  foi fartamente coberta pela mídia, que buscou – por dias – o motivo de tão insano gesto. Dois dias depois do acontecido, outro pai fez a mesma coisa. O que eu quero dizer é que, se não dá para ignorar o fato, que não se prolongue a cobertura procurando motivos que nunca serão conhecidos.

Deveria ser o mesmo Zé fini. Quanto mais não seja, para não avivar a dor dos remanescentes da família e amigos próximos.

Muda, Brasil

Um amigo me confidenciou que gostaria de morar no Uruguai. Em um sítio ou pequeno rancho não muito longe de uma cidade pequena. Disse estar cansado do Brasil, das suas broncas eternas, do politicamente correto, das patrulhas, de uma situação angustiante que vai lenta e inexoravelmente tornando o dia a dia sem graça.

Ele falando e eu absorvendo e digerindo uma ideia que já considerei, embora irrealizável por uma série de motivos. Gostaria, falou meu chapa de longa data, de, no final da tarde, ir numa bodega simples jogar conversa fora com os nativos de sempre. Chega de bronca.

É, refleti,  muita gente deve ter  o mesmo sentimento. O mundo como o conhecemos está assim.

Muda, Terra

Não canso de dizer que, em 1970, a letra do hino da seleção canarinho que ganhou a Copa do Mundo falava que éramos “noventa milhões em ação”, e hoje somos mais de 230. Imagina o mundo, que tinha 3,4 bilhões no mesmo ano e  hoje está em 7,8 bilhões, e contando. Sem falar que estamos vivendo cada vez mais tempo.

As Grandes Navegações

O que vai acontecer é a volta das Grandes Navegações que estudamos no colégio. Não chega a ser novidade essa constatação.. Portugueses e espanhóis embarcaram em barquinhos de madeira e descobriram o Novo Mundo há 500 anos. Movimento que os americanos, russos e chineses estão preparando rumo a outros planetas como, Marte e uma base na Lua para servir como trampolim logístico.

Asfixia por abraço

Você manda um e-mail ou posta algo no WhatsApp e termina com “abr”, “abs” ou “abraço”; quando fala no celular, termina com “abraço”. Nós todos nós amamos, certo? Agora imagina isso conversando ao vivo, presencial. 

– E aí, cara, na boa? Podes me passar o telefone do teu irmão? Abraço.

-Olha, não tenho agora, depois te alcanço. Abraço.       

– Boa. Fico no aguardo. Abraço.       

– Peraí. Soubeste que o João se mudou? Abraço.       

– Sim, ele me falou. Abraço.       

– Dá um abraço nele. Abraço.       

– Darei. Abraço.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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