Morde e assopra

18 ago • NotasNenhum comentário em Morde e assopra

Em matéria de provocações, a estratégia do capitão é como o título acima. Agora, diz que respeitar a Constituição é o seu lema, enquanto dá uma cacetada no vice Hamilton Mourão. É como galinha- você  já viu uma renegar milho? Despindo o manto do apoio e da crítica, Bolsonaro tem uma tática de atacar e recuar sem abandonar o alvo colimado desde o início.

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Jogando para a torcida

Na cabeça dele, busca manter a torcida de pé e gritando na arquibancada ao tempo em que, desde já, coloca a lisura das eleições de 2022 sob suspeita. Não precisa ser gênio em política para ter essa certeza. Entrementes, o pau come cada vez mais forte contra ele. Fico curioso, mais que tudo, em relação ao desenlace da Guerra do Século.

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Daqui não saio, daqui ninguém me tira

Ele aguenta a pauleira sem ter hemorragia interna, entendida como abandono da base aliada? Se as pesquisas mais perto das eleições e a aragem que se sente virar temporal indicando como certa sua derrota, veremos a operação abandonar o navio. Suas excelências do Congresso nunca remam contra a corrente.

Políticos são como as nações. Eles não têm amigos, têm interesses.

E os tanques?

Para quem conhece alguma coisa sobre os meios  castrenses, os quartéis, a ideia que os militares pegarão em armas para algum tipo de fechamento e chute no balde da Constituição é sonho. Serve mais como ameaça dos adversários do presidente do que uma realidade logo ali. Não há mais clima interno para quarteladas. Bota tanque na rua, e aí? Vai atropelar todo mundo ou dar tiro de canhão em sinaleira?

As Forças Armadas estão mais preocupadas em manter as instituições, mesmo que haja alguma controvérsia interna. Podem até não gostar delas, mas daí em calar baionetas vai uma distância muito grande.

A voz da caserna

Quando falo em conhecimento dos militares há que se lembrar os tempos em que o regime começou a fazer água, na segunda metade dos anos 1970 até o início dos 1980. Vez por outra surgia um oficial querendo pegar em armas, mas ficava nisso. Houve tempo para semear, houve tempo para colher, como diz o livro Eclesiástico (e não o Eclesiastes, como se diz por aí). Pois esse tempo passou. Mais é gabolice.

A ausência da relatividade

Há dias comentei o fato de haver uma supervalorização das novas  variantes do coronavírus de parte da mídia. Não se trata de ignorá-las, mas colocar no contexto sem dar a elas a condição de primeira-dama da Covid. Leiam parte da matéria de ZH de ontem sobre a Delta.

“Para o médico Alessandro Pasqualotto, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Misericórdia da Capital e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), tem havido uma ênfase exagerada na importância das variantes por existir uma teoria de que elas sejam mais transmissíveis. Ele sugere que as variantes podem não estar transmitindo mais, mas sendo detectadas na presença de aglomerações populacionais.”

Pecado original

Mas eu entendo a rapaziada. Quando se faz o título, sempre se puxa pelo lado que cause mais temor. Por isso que gosto da linha de apoio, uma frase depois do titulo ou manchete que contemple o “mas…”. O medo atrai muito mais os leitores que a ponderação. Este fator está no DNA do jornalismo. É o nosso pecado original. Sem falar na procura da morbidez. Os meios da comunicação jogam o pior como se jogassem gnus vivos na boca dos crocodilos. Sucesso garantido.

É uma condição humana. Não fosse assim, ninguém veria filmes de terror.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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