Memória imobiliária
No tempo em que se amarrava cachorro com linguiça e se alimentava burro com pão de ló, um poderoso industrial da área de beneficiamento de lã em cidade da Fronteira Oeste, estava passeando pelas ruas com seu possante e flamejante bólido. Fazia tempo que não passeava por passear.
Em determinado momento, passou por uma bela e bem conservada casa. Deu vontade de comprar. Anotou o endereço e foi ao cartório de registro de imóveis. Pediu à atendente o nome do proprietário. Depois de folhear as páginas de um grosso livro, molhando os dedos em uma almofada de água própria para esse fim.
A folhas tantas, e sabendo quem era o homem muito bem trajado à sua frente, o olhou espantado.
– Mas essa casa é do senhor!
Não era o velho Alza. Afinal, ele tinha uma centena de imóveis no município.