Me irrita que eu gosto

7 out • NotasNenhum comentário em Me irrita que eu gosto

Acho que é em todos os países que a política & políticos são, ao mesmo tempo, detestados e falados mesmo por quem detesta essa dupla. Em campanha eleitoral como a nossa, uma parte considerável dos que se abstiverem simplesmente não quer papo sobre o assunto. Mas não param de dar explicações sobre os motivos que o levaram a dar adeus às urnas.

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Do ponto de vista da mídia, o Brasil tem algo que não se registra em outros países: em torno de 40% detestam a Rede Globo e as afiliadas, mesmo que sigam vendo alguns programas.

William Bonner encabeça a lista de pessoas físicas detestadas. Acredito que a Vênus Platinada siga o velho ditado falem mal, mas falem de mim.

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Uma das maiores caixas pretas é saber quanto caiu o faturamento e a assinatura dos grandes jornais devido ao samba de nota só que elegeu Lula como o Salvador da Pátria. Um efeito perverso dessa concentração nas eleições é o abandono de outros assuntos que, em tempos normais, seriam até manchete ou alto de página interna, ou a chamada maior dos telejornais.

Tempo e página não esticam

Assim como o dinheiro, o espaço não se multiplica, mesmo nas versão digital – não para escrever um livro. Nos impressos, desde a pandemia, as redações emagreceram.

Os mais competentes, logo os que ganhavam mais, foram despedidos, Ficaram estagiários, focas (novatos na gíria das redações), os esforçados e estagiários. Muitos foram pinçados da Fórmula 3 para a F1 sem ter competência para tal, para azar dos leitores.

Pior, sonegam informações que favoreceriam o presidente, Bolsonaro no caso. Toda e qualquer boa noticia é seguida de “mas…” ou “porém…”.

Samba do repórter doido

A imprensa ficou muito mais inexata. agravada por uma mudança que chega à blasfêmia: repórter agora emite opinião na matéria que deveria se resumir aos fatos que foi incumbido de narrar. É uma subversão total para quem é do tempo, não tão distante, em que repórter reportava e quem emitia opinião era colunista e o editorialista.

É mais ou menos como alguém da bateria mandar no mestre-sala e porta-bandeira da escola de samba. É o samba do repórter doido.

Mas os rapazes são sortudos. Como se lê cada vez menos, e como o brasileiro médio não relaciona o fato no contexto, eis aí um retrato do Brasil século XXI. Desde que começou a queda da tiragem dos grandes jornais, venho insistido que parte disso deve-se ao fato de que nós não estamos entregando o que leitor gostaria de ler para se informar.

A minhoca gorda

Os impressos não se reinventaram. Estão assim há 200 anos com um e outro adereço elevado à condição de reinvenção.

Na internet, há um estudo do Google mostrando que, em média, o internauta fica menos de 10 segundos na página inicial de um jornal. Se não tiver minhoca gorda na ponta do anzol, algo que o leve a querer saber mais, ele não vai, não rola, não clica.

Adoradores de espelhinhos

Entre os adereços que são gol contra estão o abuso das expressões ou palavras em inglês, uma mania de aculturado que, como os índios do tempo de Cabral, se deslumbram com miçangas, espelhinhos e contas coloridas.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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